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"Detective" era "pulp fiction" de sucesso
da Sucursal do Rio
King Shelter estreou nas últimas
páginas da edição número 196 de
"Detective", revista que, sob o comando de Nelson Rodrigues, tinha como slogan "Mistério!
Ação! Perigo!".
Poucas edições depois, Shelter já
havia se transformado em atração
da revista. Seus contos eram publicados nas primeiras páginas de
"Detective", antes mesmo da já
então conhecida Agatha Christie.
Nos anos 40, "Detective" (que
havia sido lançada em 1936) era o
mais bem sucedido exemplo de
"pulp fiction" no Brasil. As revistas impressas em papel barato (o
"pulp" que deu origem ao termo)
reuniam desde clássicos como
"Drácula", de Bram Stoker, ou
"O Fantasma da Ópera", de Gaston Leroux, ao que havia de mais
pobre na literatura americana.
"Havia muita coisa vagabunda,
bem "pulp', mas muitas vezes no
meio da porcaria se encontrava
uma pérola, como um novo conto
de Hammett ou alguma reedição
de Conan Doyle (criador de Sherlock Holmes)", disse Geraldo Ferraz.
Ao assumir a direção da revista,
no início dos anos 40, Nelson Rodrigues fez algumas modificações
gráficas: "Detective" passou a ter
ilustrações, sumários dos contos
em sua apresentação e um maior
cuidado com a montagem dos textos, o que deu à revista uma aparência mais leve.
"Mas não havia tanto critério
editorial. Às vezes Nelson misturava um "western' aos contos policiais. Eu costumo dizer que ele
completava a revista com o que
aparecia", disse Ferraz.
Como fã desse tipo de literatura,
Ferraz suspeita que outros autores
possam ter contribuído para a revista usando pseudônimos. "Talvez o próprio Nelson, que na mesma época escrevia como Suzana
Flag, possa ter escrito alguns contos", disse.
"Detective" tinha como sua
principal concorrente a revista
"X-9". No início dos anos 50, as
revistas policiais entraram em decadência. Com o surgimento de
outras revistas -"muitas com
uma coloração mais sexy", explicou Ferraz-, as "pulp fictions"
tiveram que buscar outros caminhos.
A "X-9" tentou mudar seu perfil
publicando versões romanceadas
de crimes reais, mas não deu certo. "As revistas já não tinham
mais fôlego. A derrocada dos Diários Associados afundou com a
"Detective'. Pouco depois, a
"X-9' também desapareceu",
contou Ferraz.
(CG)
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