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Paralamas testam renovação
da Reportagem Local
Uma boa notícia abre "Hey
Na Na", o mais novo álbum
dos Paralamas do Sucesso: a
primeira faixa, "Por Sempre
Andar", avisa que o sempre
constante uso exagerado de sopros ficou, por ora, para trás.
Paralamas afastam assim o
rótulo de cover do cover -ou
seja, de sub-Skank- que o anterior "Nove Luas" havia dolorosamente estabelecido.
A façanha deve ser creditada
ao produtor Chico Neves, responsável, em 97, pela modernização de Lenine e, agora, pelo decréscimo de apelo vulgar
no trabalho dos Paralamas.
Neves confere a faixas como
"O Trem da Juventude" e
"Depois da Queda, o Coice"
roupagens despojadas, renovadas; despe a arte paralâmica,
sobretudo, de um ranço de
pretensão que os acompanha
desde o início do período
pós-pop, após o ápice criativo
de "Big Bang" (89).
Mas não se neutraliza o ímpeto de Herbert Vianna ao que
se poderia denominar "MPB
antropológica", aparentemente inspirada pelos "pensadores" de araque David Byrne
e Arto Lindsay -no quesito
antropologia, ademais, o irmão de Herbert, Hermano,
sempre foi mais hábil.
Paralamas saíram de banda
descompromissada -como de
resto seus colegas de geração,
dona de mimos como "Cinema Mudo", "Sonífera Ilha",
"Corações Psicodélicos",
"Menina Veneno".
Mais que os outros todos,
quiseram se intelectualizar. A
voz de Herbert continuou juvenil, mas -embora colhesse
méritos como reevidenciar artistas como Zé Ramalho- um
discurso pseudo-acadêmico
entrou em choque com as melodias pop simples que sempre
seguraram o público da banda.
Após os extremos de "Severino" (94, antipaticamente
acadêmico) e "Nove Luas"
(96, insuportavelmente populista), Paralamas ainda pagam
o preço da inconstância.
A voz de Herbert foi adquirindo verniz antipático, coisa
que versos como "um dia em
Provença/ perto de Brignoles/
o primeiro homem a pisar no
Sol" ou matreirices Mercosul
ainda maximizam.
Outros versos, como "palavrões, não almofadas/ como as
que proferem Gil e Brown",
agravam a impressão de que
Paralamas crêem em música
como irmandade, conjunto de
rapapés atirados de lá para cá.
Tais banalidades não combinam com as melodias competentes que a banda sempre produziu -"Esqueça o Que Te
Disseram sobre o Amor (Vai
Ser Diferente)", "Tendo a
Lua", "Se Você Me Quer"...
E não concatenam quando as
melodias são tolas -"O Amor
Não Sabe Esperar" (Marisa
Monte desperdiçada em tentativa de nova "Onde Você Mora", já suficientemente triste),
"Ela Disse Adeus".
Conflituoso, "Hey Na Na"
evidencia a banda bem mais
interessada em coerência do
que em outras ocasiões, mas
ainda instável. Por ora, parece
de volta à turbulência de "Os
Grãos" (91) -não deixa de ser
bom ponto de referência.
(PAS)
Disco: Hey Na Na
Banda: Os Paralamas do Sucesso
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 18, em média
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