PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha

O álbum "Sequelas", coletânea de dez anos de carreira do quadrinhista brasileiro Lourenço Mutarelli que será lançado hoje, traz duas histórias além das que são mostradas na revista: a da carreira dele e da evolução de seu traço.
As primeiras histórias da coletânea são de quando ele começou a publicar HQs, ainda em fanzines, no final da década passada.
As páginas seguintes explicitam suas mudanças, conforme ele vai demonstrando cada vez mais características próprias. "Eu assumi o estilo quando perdi o medo de me expor", conta Mutarelli.
É o que pode ser observado nas histórias, que começam curtas e irônicas, com vários quadrinhos dispostos por página, e vão dando lugar a quadros maiores, mais detalhados e introspectivos.
Conforme as histórias mais recentes vão surgindo na coletânea, a personalidade e os sentimentos de Mutarelli vão aparecendo aos olhos do leitor.
Tanto é que a última história, "São as Canções que o Senhor me Ensinou", é uma declaração pessoal de Mutarelli a seu avô.
"Eu sou muito fechado. Os quadrinhos fazem com que eu me expresse para as pessoas. Por mais que eu me exponha, os leitores não sabem até que ponto é ficção ou realidade. É um diálogo protegido", diz o quadrinhista.
"Sequelas" também traz textos sobre e do próprio autor, que ilustram momentos de sua vida pessoal e artística -ele acompanhou os quadrinhos brasileiros independentes da década passada, tendo publicado em revistas como "Mil Perigos", "Animal" e "Tralha", hoje conceituadas e raríssimas para colecionadores.


O quê: lançamento de "Sequelas" (ed. Devir, 156 pgs., R$ )
Quando: hoje, das 18h às 21h
Onde: Gibiteca Municipal Henfil (r. Sena Madureira, 298, Vila Mariana, tel. 574-0389)



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