São Paulo, sexta, 24 de abril de 1998

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Artista inaugura restaurante

especial para a Folha, de Londres

No alto lê-se Pharmacy em letras de neon verde. A fachada branca e asséptica, com vitrines exibindo arranjos de caixas de remédios, pode enganar os desinformados.
Mas quem entrar ali com uma receita médica só poderá sair dopado de álcool mesmo, a única droga à venda no restaurante-instalação criado este ano por Damien Hirst.
Aliás, inúmeros cidadãos londrinos andam remediando os humores cotidianos com algumas doses dessa peculiar "farmácia" que, desde sua inauguração, em janeiro, virou o local mais cobiçado da "swinging London".
Um empreendimento visionário que custou cerca de US$ 3 milhões e oito meses para sua realização, Pharmacy se divide em um bar no andar térreo e um restaurante em cima, sendo que todo o estabelecimento é, ao mesmo tempo, uma instalação de arte.
Entrar no bar de Pharmacy é penetrar o universo visual de um dos artistas mais intrigantes da contemporaneidade. A luz é fria, bancos e balcão têm forma de pílulas e vitrines de medicamentos cobrem as paredes do chão ao teto.
Difícil não cair no fetiche de ler e reler os nomes dos remédios ao saborear coquetéis, do "Detox" (vodka com uva e Cointreau) ao clássico martini.
Pode-se provar de uma variedade de petiscos (patê de foie-gras e caviar a 4,5 libras), servidos por um staff cheio de estilo, que veste camisões cirúrgicos criados pela marca Prada. Nos banheiros encontram-se "aquários" cheios de material hospitalar como luvas plásticas, toucas, seringas e cotonetes.
No restaurante, a peça central é uma grande e colorida estrutura molecular que Hirst criou baseado no modelo do seu próprio DNA. Nas paredes estão as conhecidas "pinturas de borboleta" do artista, estranhas porém atraentes, com borboletas grudadas em apetitosas cores pastéis.
Mas o toque de mestre é o papel de parede, extremamente bonito, com centenas de pílulas de variadas cores impressas sobre um fundo prata, preenchido com inscrições explicativas, como em uma infinita bula médica.
Os prazeres culinários não ficam atrás dos estéticos. Os chefs Sonya Lee e Richard Turner criaram um menu sazonal, de cozinha inglesa "com influências pan-européias e pacíficas" - incluindo entradas como o "tian de caranguejo de Dorset" (9,5 libras) e a "sopa de faisão com castanha" (5,5 libras), e pratos principais como o "confit de cordeiro" (12,5 libras) e o "assado de leitão com maçãs caramelizadas" (12 libras). Glamour a preços bastante acessíveis.
Pharmacy está aberto para almoço e jantar, mas é preciso fazer reservas com até um mês de antecedência. As mesas andam completamente ocupadas por uma clientela "in", condecorada por celebridades como o magnata Charles Saatchi, as top-models Kristen McMennamy e Iman (com seu marido David Bowie), Elton John e seu namorado David Fincher, Neil Tennant, da banda por Pet Shop Boys, e muitos outros que ali vão, e voltam. (MF)


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