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Artista inaugura restaurante
especial para a Folha, de Londres
No alto lê-se Pharmacy em
letras de neon verde. A fachada
branca e asséptica, com vitrines exibindo arranjos de caixas
de remédios, pode enganar os
desinformados.
Mas quem entrar ali com
uma receita médica só poderá
sair dopado de álcool mesmo,
a única droga à venda no restaurante-instalação criado este
ano por Damien Hirst.
Aliás, inúmeros cidadãos
londrinos andam remediando
os humores cotidianos com algumas doses dessa peculiar
"farmácia" que, desde sua
inauguração, em janeiro, virou
o local mais cobiçado da
"swinging London".
Um empreendimento visionário que custou cerca de US$
3 milhões e oito meses para sua
realização, Pharmacy se divide
em um bar no andar térreo e
um restaurante em cima, sendo que todo o estabelecimento
é, ao mesmo tempo, uma instalação de arte.
Entrar no bar de Pharmacy é
penetrar o universo visual de
um dos artistas mais intrigantes da contemporaneidade. A
luz é fria, bancos e balcão têm
forma de pílulas e vitrines de
medicamentos cobrem as paredes do chão ao teto.
Difícil não cair no fetiche de
ler e reler os nomes dos remédios ao saborear coquetéis, do
"Detox" (vodka com uva e
Cointreau) ao clássico martini.
Pode-se provar de uma variedade de petiscos (patê de
foie-gras e caviar a 4,5 libras),
servidos por um staff cheio de
estilo, que veste camisões cirúrgicos criados pela marca
Prada. Nos banheiros encontram-se "aquários" cheios de
material hospitalar como luvas
plásticas, toucas, seringas e cotonetes.
No restaurante, a peça central é uma grande e colorida estrutura molecular que Hirst
criou baseado no modelo do
seu próprio DNA. Nas paredes
estão as conhecidas "pinturas
de borboleta" do artista, estranhas porém atraentes, com
borboletas grudadas em apetitosas cores pastéis.
Mas o toque de mestre é o papel de parede, extremamente
bonito, com centenas de pílulas de variadas cores impressas
sobre um fundo prata, preenchido com inscrições explicativas, como em uma infinita bula médica.
Os prazeres culinários não ficam atrás dos estéticos. Os
chefs Sonya Lee e Richard Turner criaram um menu sazonal,
de cozinha inglesa "com influências pan-européias e pacíficas" - incluindo entradas
como o "tian de caranguejo de
Dorset" (9,5 libras) e a "sopa
de faisão com castanha" (5,5
libras), e pratos principais como o "confit de cordeiro"
(12,5 libras) e o "assado de leitão com maçãs caramelizadas" (12 libras). Glamour a
preços bastante acessíveis.
Pharmacy está aberto para
almoço e jantar, mas é preciso
fazer reservas com até um mês
de antecedência. As mesas andam completamente ocupadas
por uma clientela "in", condecorada por celebridades como o magnata Charles Saatchi,
as top-models Kristen McMennamy e Iman (com seu marido
David Bowie), Elton John e seu
namorado David Fincher, Neil
Tennant, da banda por Pet
Shop Boys, e muitos outros
que ali vão, e voltam.
(MF)
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