São Paulo, Sábado, 24 de Abril de 1999
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FALAM OS LOBOS-DO-MAR

"Quando comecei a tomar gosto pela literatura, senti verdadeiro fascínio pelos contos inesquecíveis do "Mar de Histórias". No final dos anos 50, a antologia se limitava apenas a três partes: a que ia das origens até o século 18, publicada em 1945, e os dois tomos sobre o século 19, editados em 51 e 58, respectivamente. Até hoje, são os volumes que mais releio, pois o desdobramento posterior em dez não me pareceu manter a mesma qualidade da coletânea inicial. Ainda assim, talvez seja a melhor das antologias de contos já publicadas entre nós: pela amplitude da visão, que introduziu autores até então desconhecidos em nosso meio; pelo acerto da maioria das escolhas; pelo alto nível das traduções, feitas quase sempre diretamente das línguas originais; pelas excelentes notas crítico-informativas sobre os contistas e suas obras. A sugestão épica da viagem se abre com o título e a alusão ao mar, como um chamado à imaginação do leitor: a multiplicidade e o movimento dos contos, que vêm de toda parte, sustentam a sedução e tudo faz pensar que a arte de narrar é de fato um dos maiores dons do homem e um dos melhores meios que encontrou para conhecer a si mesmo e a sua própria história."
Davi Arrigucci Jr., ensaísta e professor de literatura na USP

"Eu fui amiga de ambos, mais do Aurélio, que era o nosso gramático. Eu, o José Lins (do Rego), as pessoas do nosso grupo de românticos pedíamos para o Aurélio dar a leitura final em nossos livros. Ele fazia o que chamávamos "matança das vírgulas". Nas reuniões, preparavam-se bebidas, comidinhas, e ele ficava ali sentado, a gente paparicando. Não perdoava nada, era muito consciencioso."
Rachel de Queiroz,escritora

"O "Mar de Histórias" (um ótimo título) é a mais vasta e bem recheada antologia de contos mundiais que eu conheço em língua portuguesa. No geral, as escolhas são certeiras, muitas vezes originais, e a tradução dos textos é cuidada. Paulo Rónai e Aurélio Buarque de Holanda são eruditos que deram certo. A única restrição que eu teria a respeito da seleção é a exigência de um maior incremento de grandes mestres modernos do conto mundial, como Poe, Maupassant, Tchecov e Kafka, entre outros. De resto, é um empreendimento editorial louvável."
Modesto Carone, escritor, tradutor e professor de literatura da USP e da Unicamp

"Eu cacei em sebos, um por um, os volumes de "Mar de Histórias". Era ainda a época em que se ficava cortando as páginas com uma faca. Eu comecei a carreira escrevendo contos e, como todo jovem contista, estava em busca de mestres."
Moacyr Scliar, escritor e colunista da Folha


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