São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2001

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CANNES

Direitos humanos e cinema foram os temas centrais

Documentários compensam as obras de ficção no festival francês

AMIR LABAKI
EM CANNES

Se a safra ficcional ficou aquém do esperado, Cannes 2001 soube compensá-la ampliando o espaço para documentários. Foram oito, sendo quatro dentro do programa oficial, em projeções especiais fora de competição, e dois em cada mostra paralela, a Quinzena dos Realizadores e a Semana Internacional da Crítica.
Cinco assinaturas nobres marcaram os selecionados (Cozarinsky, Guzmán, Kiarostami, Lanzmann, Scorsese). Direitos humanos e o próprio cinema foram os temas centrais.
Em "O Caso Pinochet", de Patrício Guzmán ("A Batalha do Chile"), assiste-se como o ditador chileno foi surpreendido e encurralado na Grã-Bretanha pelo pedido de extradição encaminhado pelo juiz Baltazar Garzón.
Exibido no programa oficial, "Sobibor, 14.10.43, 16 Horas" traz no título o local, dia, mês, ano e hora do único levante de judeus contra os nazistas num campo de concentração. Claude Lanzmann volta a um dos depoentes de seu insuperável "Shoah" (1985), Yehuda Lerner, que aos 16 anos foi um dos protagonistas da revolta.
A decepção foi maior com a volta ao documentário de Abbas Kiarostami. "ABC África" é um superficial diário em vídeo de sua primeira viagem a Uganda, a convite da ONU, para conhecer um programa em favor das crianças vítimas da Aids.
Nas quatro brevíssimas horas de "Il Mio Viaggio in Italia", Martin Scorsese a um só tempo recupera didaticamente o melhor do cinema italiano e renova o documentarismo autobiográfico. Por fim, o cinquentenário dos "Cahiers du Cinéma" pautou uma sessão especial do documentário do argentino Edgardo Cozarinsky, "O Cinema dos Cahiers -°50 Anos de Histórias de Amor". Ao narrar a sucessão de jovens gerações à frente da revista, Cozarinsky abriu uma brecha para brevemente saudar o espaço aberto nos anos 60 e destacar Glauber Rocha e o cinema novo.



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