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CANNES
Direitos humanos e cinema foram os temas centrais
Documentários compensam as obras de ficção no festival francês
AMIR LABAKI
EM CANNES
Se a safra ficcional ficou aquém
do esperado, Cannes 2001 soube
compensá-la ampliando o espaço
para documentários. Foram oito,
sendo quatro dentro do programa oficial, em projeções especiais
fora de competição, e dois em cada mostra paralela, a Quinzena
dos Realizadores e a Semana Internacional da Crítica.
Cinco assinaturas nobres marcaram os selecionados (Cozarinsky, Guzmán, Kiarostami,
Lanzmann, Scorsese). Direitos
humanos e o próprio cinema foram os temas centrais.
Em "O Caso Pinochet", de Patrício Guzmán ("A Batalha do
Chile"), assiste-se como o ditador
chileno foi surpreendido e encurralado na Grã-Bretanha pelo pedido de extradição encaminhado
pelo juiz Baltazar Garzón.
Exibido no programa oficial,
"Sobibor, 14.10.43, 16 Horas" traz
no título o local, dia, mês, ano e
hora do único levante de judeus
contra os nazistas num campo de
concentração. Claude Lanzmann
volta a um dos depoentes de seu
insuperável "Shoah" (1985), Yehuda Lerner, que aos 16 anos foi
um dos protagonistas da revolta.
A decepção foi maior com a volta ao documentário de Abbas
Kiarostami. "ABC África" é um
superficial diário em vídeo de sua
primeira viagem a Uganda, a convite da ONU, para conhecer um
programa em favor das crianças
vítimas da Aids.
Nas quatro brevíssimas horas
de "Il Mio Viaggio in Italia", Martin Scorsese a um só tempo recupera didaticamente o melhor do
cinema italiano e renova o documentarismo autobiográfico. Por
fim, o cinquentenário dos "Cahiers du Cinéma" pautou uma
sessão especial do documentário
do argentino Edgardo Cozarinsky, "O Cinema dos Cahiers
-°50 Anos de Histórias de Amor".
Ao narrar a sucessão de jovens gerações à frente da revista, Cozarinsky abriu uma brecha para
brevemente saudar o espaço
aberto nos anos 60 e destacar
Glauber Rocha e o cinema novo.
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