BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Eles são feios, sujos e malvados. Seja pelo retrato que o cinema cravou, seja pelo folclore que suas ações despertaram, vikings, godos, hunos e mongóis costumam se aglutinar sob um mesmo rótulo -"bárbaros".
Justamente pela falta de informações precisas desses povos, é possível entender a opção do History Channel na série de documentários chamada, não por acaso, "Os Bárbaros", com direção de Robert Gardner, que tem exibição hoje e amanhã, às 22h.
O que o telespectador verá na TV é um misto de linguagem de documentário e ficção. Entre declarações de estudiosos e mestres de universidades norte-americanas, surgem cenas com atores encenando lutas campais -eles não abrem a boca, para a sorte do público- em seqüências com centenas de figurantes, caprichadas locações (com castelos, fortalezas etc.) e reconstituições de época.
"Os Bárbaros" está dividido em quatro episódios: "Vikings"/"Godos" (hoje) e "Hunos"/"Mongóis" (amanhã).
O episódio "Hunos" traz uma boa demonstração de como o canal lida com a questão dos estereótipos. É sabido que o rei dos hunos, Átila, na maioria das vezes, é lembrado quando surgem os assuntos baderna, falta de modos ou pura crueldade.
O episódio diz que ele não era apenas uma encarnação do mal, como acreditava a igreja da época, ou então, apenas um líder sanguinário e irracional -como seus inimigos o viam, em especial os romanos. Ao contrário, o documentário reforça a tese de que Átila era um brilhante estrategista, um dos mais originais exemplos de administração. Não é preciso ir muito longe no raciocínio, já que é dele a proeza de transformar bandos bárbaros e mercenários em um exército rígido e organizado, que invadiu a Itália e só não foi mais longe por não ter conseguido invadir Roma -segundo consta, devido a influência do papa Leão 1º.

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Em "Antes da Revolução" (Eurochannel, 18h e 4h), conflito se passa basicamente no interior de um jovem ao mesmo tempo rebelde e burguês. Existe, então, uma parte de idealismo, conflitando com o que se poderia chamar de destino de classe.
Bem, hoje em dia tudo isso parece obra saída da cabeça de um doente. Mas é, em grande parte, a história de uma geração, a que Bernardo Bertolucci narra neste seu filme de juventude, que já coloca em questão a idéia de uma idade (idade cronológica mesmo) que estaria acima das classes.
Ao mesmo tempo, o italiano parece disposto a baixar as cartas com enorme franqueza: é um esteta, e na capacidade de produzir beleza é que pode residir sua força. Muita coisa pode ter mudado. Em Bertolucci, isso ficou.

FILMES

Mergulho em uma Paixão
SBT, 14h30.

(Wild Hearts Can't Be Broken). EUA, 1991, 90 min. Direção: Steve Miner. Com Gabrielle Anwar, Michael Schoeffing. Nos anos 30, moça foge com uma trupe e luta para realizar seu sonho: tornar-se estrela de um perigoso número circense.

O Peste
Globo, 15h45.

(The Pest). EUA, 1997. Direção: Paul Miller. Com John Leguizamo, Jeffrey Jones. Simpático latino-americano topa ganhar US$ 50 mil para participar de uma caçada. Vai a uma ilha, onde descobre que, nessa história, cabe-lhe o papel de caça. O caçador tem para si que só lhe falta em sua coleção de cabeças a de um latino. Uma tontice, talvez agravada pelo fato de ser uma comédia.

Inferno
Globo, 22h55.

(Inferno). EUA, 1999, 95 min. Direção: John G. Avildsen. Com Jean-Claude van Damme, Pat Morita. Eddie Lomax é roubado e espancado por filhos de uma das famílias que dominam a cidade e vivem de tráfico de drogas. Ocorre que Lomax é Van Damme, daí advindo sérias decorrências. Inédito.

Crime em Palmetto
SBT, 2h.

(Palmetto). Alemanha/EUA, 1998, 114 min. Direção: Volker Schlöndorf. Com Woody Harrelson, Elisabeth Shue. Ex-condenado envolve-se no falso seqüestro da filha de um milionário. Filme de Schlöndorf que, apesar das belas Shue e Gershon, não emplacou. Em todo caso, o diretor alemão tem classe.

Histórias de Coragem - Duas Mulheres
Globo, 2h25.

(Rescuers: Stories of Courage - Two Women). EUA, 1997. Direção: Peter Bogdanovich. Com Elizabeth Perkins, Sela Ward. Duas histórias de judeus salvos do Holocausto por não-judeus. Na primeira, uma francesa é quem falsifica documentos para que um grupo de refugiados possa fugir. Na segunda, uma governanta polonesa protege o filho de rica família que, com a chegada dos nazistas, está com problemas. Bogdanovich hoje tem uma carreira regularmente em baixa, na TV. Mas esta produção é muito elogiada. Filme escolhido na sessão Intercine

Doping
SBT, 4h.

(Rebond: The Legend of Earl "The Goat" Manigault). EUA, 1996, 120 min. Direção: Eriq la Salle. Com Don Cheadle, Forrest Whitaker. Biografia de Earl Manigault, jogador de basquete talentosíssimo, consumido pelo vício. Ou: as durezas da ascensão social pelo esporte. Feito para TV. Só para São Paulo. (IA)

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