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Crítica
No Itaim Bibi, jovem chef serve pratos tradicionais com criatividade
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Filho de italianos, o chef
Pier Paolo Picchi ainda
pode ser enquadrado na
categoria de jovem chef, apesar
de já ter uma boa quilometragem em seu percurso profissional. Paulistano, com 29 anos,
ele já trabalhou em diversos
restaurantes em São Paulo e na
Europa, mas o Picchi, que abriu
oficialmente nesta semana (já
estava funcionando antes, mas
sem alarde), é seu primeiro negócio próprio.
Até aqui, o chef havia cursado
hotelaria. Depois, estagiou na
cozinha de Alex Atala, estudou
na Itália e lá trabalhou no Da
Guido e no festejado Vissani,
em Milão. Trabalhou também
com chefs premiados na Espanha, como Sergi Arola e Andoni
Luis Aduriz. Uma mistura que
lhe vale influências das mais
clássicas até as mais revolucionárias. No Brasil, foi chef do
Leopolldo Plaza, do Emiliano e
do Café Antique.
Agora empreende vôo solo,
num espaço simpático no Itaim
Bibi: pequeno, com um agradável mezanino e decoração moderna. Ali, o chef está servindo
uma culinária italiana onde
busca incluir pitadas outras do
Mediterrâneo, além do uso de
alguns ingredientes brasileiros.
Não se trata nem da cozinha
clássica italiana apenas (embora esteja aí sua principal fonte)
nem da modernidade espanhola, que aqui passa de raspão.
Sua idéia é servir uma comida
tradicional com criatividade, o
que se mostra apto a fazer: o resultado é, no geral, apetitoso.
No cardápio, Picchi equilibra
novidades como, no couvert,
um penne gigante com abóbora
e molhos de queijo, com nhoque banhado em belo ragu de
ossobuco, à moda da cozinha
reconfortante que os italianos
fazem tão bem. Entre suas entradas, pode estar um camarão
chapeado no ponto. Um exagero dos sabores do tempero aparece no ravióli de mussarela de
búfala defumada com muito limão siciliano e tomate.
Mas isso pode ser compensado pelos cappelletti de perdiz
em brodo com lasca de trufa
preta e ovos de codorna ou pelo
original guisado de lulas com
escargots e batatas. Ou ainda
no carré de leitão que, embora
pudesse ser mais tenro, é bem
escoltado por feijão branco
com morcilla e tomilho. Para a
sobremesa, um bom equilíbrio
é a espuma de Nutella com frutas vermelhas. Já à pêra cozida
ao vinho falta gosto, embora cozida no açafrão.
josimar@basilico.com.br
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