São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Exposição reúne os ícones da Geração 80

Agnaldo Farias defende versatilidade da Geração 80 em mostra no Tomie Ohtake

Exposição traz cem obras de 71 artistas, como Nuno Ramos, Rodrigo Andrade, Nelson Felix, Adriana Varejão e Beatriz Milhazes


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"A Geração 80 é muito mais que a [geração] do ressurgimento da pintura." A frase do curador Agnaldo Farias indica a reavaliação que ele pretende empreender na mostra "80/90 - Modernos, Pós-Modernos Etc", que é aberta hoje no Instituto Tomie Ohtake. Com 71 artistas e cem obras, a exposição apresenta nomes que se projetaram a partir de 1985 e afirmaram sua produção até a década seguinte, às vezes distantes do que faziam no início da carreira.
"Tentei escolher trabalhos nos quais o estilo do artista já estivesse consolidado, não seus passos iniciais", afirma o curador. "Nos anos 80, creio que o mais importante foi o surgimento desses novos artistas e a definição de um verdadeiro mercado de arte." De acordo com Farias, a obra dos 71 nomes presentes na mostra se divide em dois eixos principais: o diálogo com a herança artística moderna e a sintonia com novos movimentos que se desenvolviam no exterior, mesclando referências -daí vem o título da exposição.
"O debate artístico cresceu muito a partir dessa época, com essas duas fortes vertentes. Por isso, quis criar diálogos plásticos entre elas", diz ele, que dá como exemplo a entrada da primeira sala da mostra: "Há o trabalho do Jorge Guinle [1947-1987], o mais velho dos artistas naqueles anos, em que ele relê Matisse e o expressionismo abstrato, frente a frente com a Adriana Varejão, a mais nova da seleção, que cruza referências do barroco, do colonial e cria uma obra de tom multicultural, bastante pós-moderna".
Na mesma sala, os cruzamentos continuam, aponta o curador. Há uma tela de Rodrigo Andrade -"na qual ele claramente se refere a Van Gogh"- e outras obras de variados suportes, como a escultura de "geometria doce" de Ester Grinspum e a "Língua", de Nelson Felix, que sai da parede e se espalha pelo chão. A pintura, no entanto, não deixa de estar presente. Na segunda sala, duas telas de Luiz Zerbini ficam perto de trabalhos de Beatriz Milhazes -"já com sua obra mais amadurecida", ressalta o curador, que escolheu "Aída! Eu", de 1989-, Ana Horta e Cristina Canale.
E os artistas mais ligados à "revalorização da pintura", como Nuno Ramos e Paulo Monteiro, são vistos de modo mais amplo, segundo o curador. Ramos apresenta duas das maiores obras da mostra, telas de altura de 3,60 m e 2,60 m, "de grande materialidade", diz Farias. Já Monteiro é representando por uma escultura de chumbo, de 1998.


80/90 - MODERNOS, PÓS-MODERNOS ETC
Quando:
abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 11h às 20h; até 15/7
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Brigadeiro Faria Lima, 201, SP, tel. 0/xx/ 11/2245-1900
Quanto: entrada franca



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