|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Irmãos encarnaram Dom & Ravel da era Collor
XICO SÁ
da Reportagem Local
A dupla Leandro & Leonardo foi
para o ex-presidente Fernando
Collor uma espécie de Dom & Ravel, também uma famosa dupla
que encantava, com "canções de
encomenda", os presidentes do
regime militar.
Chateado com a morte de Leandro, Collor revelou ontem seu
apego ao ídolo sertanejo que ajudou a embalar serestas particulares nos jardins da Casa da Dinda,
residência oficial do ex-presidente
em Brasília.
"Perde o Brasil uma voz de
amor e alegria", declarou Collor à
Folha, de seu comitê político em
Maceió, onde montou uma base
para tentar fazer a sua campanha
eleitoral à Presidência.
Embora tenha realizado uma
convenção para lançamento da
candidatura, a nova empreitada
"collorida" ainda depende de decisões da Justiça. Por conta do
processo de "impeachment" que
sofreu, o ex-presidente não pode
concorrer a cargos públicos.
"Perco eu um bom amigo, sempre solidário e corajoso", disse
Fernando Collor, ao recordar a
boa convivência com o cantor
Leandro, ídolo também da ex-primeira-dama Rosane.
Estética de governo
A presença de Leandro & Leonardo nos jardins da Casa da Dinda definiram o sertanejo como
marca estética do curto "reinado"
da chamada "República de Alagoas", como ficou conhecido
aquele período de governo.
Na campanha eleitoral, os "colloridos" eram mais ligados ao
"axé music" da Bahia, mas durante o mandato, os "caipiras" invadiram Brasília.
A dupla amiga de Collor não fez
"canções de encomenda", como
Dom & Ravel, consagrada como
intérprete de um famoso hino ao
extinto Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização).
"Você também é responsável/
ensine a ler e a escrever", convocava a letra, em nome de um suposto
mutirão patriótico patrocinado
pelos militares nos anos 70.
Como recorda o ex-presidente
Collor, os irmãos Leandro e Leonardo eram amigos que agradavam o poder alagoano com "solidariedade" e shows íntimos em
Brasília, sem precisar criar canções para ajudar politicamente.
Essas não foram, no entanto, as
únicas apresentações para políticos que a dupla realizou.
Em 86, os goianos fizeram campanha para Nion Albernoz, candidato do PMDB à prefeitura de
Goiânia, que venceu a disputa.
Segundo Leonardo, o dinheiro
da campanha ajudou a incrementar a carreira da dupla.
Em 94, eles fizeram diversos
shows gratuitos para o candidato
do PMDB ao governo de Goiás,
Maguito Vilela, atual governador.
Na época, Leonardo fez uso de
equipamentos pertencentes ao governo goiano para a construção de
uma pista de pouso na fazenda de
sua propriedade em Jussara (a 100
km de Goiânia).
Colaborou
Bruno Garcez, da Reportagem Local
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|