São Paulo, quarta, 24 de junho de 1998

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Irmãos encarnaram Dom & Ravel da era Collor

XICO SÁ
da Reportagem Local

A dupla Leandro & Leonardo foi para o ex-presidente Fernando Collor uma espécie de Dom & Ravel, também uma famosa dupla que encantava, com "canções de encomenda", os presidentes do regime militar.
Chateado com a morte de Leandro, Collor revelou ontem seu apego ao ídolo sertanejo que ajudou a embalar serestas particulares nos jardins da Casa da Dinda, residência oficial do ex-presidente em Brasília.
"Perde o Brasil uma voz de amor e alegria", declarou Collor à Folha, de seu comitê político em Maceió, onde montou uma base para tentar fazer a sua campanha eleitoral à Presidência.
Embora tenha realizado uma convenção para lançamento da candidatura, a nova empreitada "collorida" ainda depende de decisões da Justiça. Por conta do processo de "impeachment" que sofreu, o ex-presidente não pode concorrer a cargos públicos.
"Perco eu um bom amigo, sempre solidário e corajoso", disse Fernando Collor, ao recordar a boa convivência com o cantor Leandro, ídolo também da ex-primeira-dama Rosane.

Estética de governo

A presença de Leandro & Leonardo nos jardins da Casa da Dinda definiram o sertanejo como marca estética do curto "reinado" da chamada "República de Alagoas", como ficou conhecido aquele período de governo.
Na campanha eleitoral, os "colloridos" eram mais ligados ao "axé music" da Bahia, mas durante o mandato, os "caipiras" invadiram Brasília.
A dupla amiga de Collor não fez "canções de encomenda", como Dom & Ravel, consagrada como intérprete de um famoso hino ao extinto Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização).
"Você também é responsável/ ensine a ler e a escrever", convocava a letra, em nome de um suposto mutirão patriótico patrocinado pelos militares nos anos 70.
Como recorda o ex-presidente Collor, os irmãos Leandro e Leonardo eram amigos que agradavam o poder alagoano com "solidariedade" e shows íntimos em Brasília, sem precisar criar canções para ajudar politicamente.
Essas não foram, no entanto, as únicas apresentações para políticos que a dupla realizou.
Em 86, os goianos fizeram campanha para Nion Albernoz, candidato do PMDB à prefeitura de Goiânia, que venceu a disputa.
Segundo Leonardo, o dinheiro da campanha ajudou a incrementar a carreira da dupla.
Em 94, eles fizeram diversos shows gratuitos para o candidato do PMDB ao governo de Goiás, Maguito Vilela, atual governador.
Na época, Leonardo fez uso de equipamentos pertencentes ao governo goiano para a construção de uma pista de pouso na fazenda de sua propriedade em Jussara (a 100 km de Goiânia).


Colaborou Bruno Garcez, da Reportagem Local



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