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CINEMA
Além de biografia sobre o astro, haverá adaptações de "Faroeste Caboclo" e possivelmente "Eduardo e Mônica"
Renato Russo invade as telas em 2006
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dias nos quais "Que País É
Este?" parece um bordão dos
mais apropriados, o autor da canção e sua obra começam a ser foco
de ao menos três versões cinematográficas. Renato Russo (1960-1996), ex-líder da Legião Urbana,
de trovador solitário a astro pop
que levava multidões para shows,
é tema da biografia "Religião Urbana", do veterano cineasta Antonio Carlos da Fontoura, 66, a partir de roteiro já finalizado e assinado por ele e pelo produtor musical Luiz Fernando Borges, um
dos melhores amigos de Russo
em sua fase carioca.
Já o estreante em longas-metragens René Sampaio, 31, enveredou pela obra de Russo e foi escolhido pela Copacabana Filmes
-produtora de Carla Camurati- para levar às telas a versão cinematográfica de "Faroeste Caboclo". E a roteirista e atriz Denise
Bandeira, outra amiga íntima da
fase carioca do cantor e compositor, está em negociações avançadas com a família de Russo para a
adaptação de "Eduardo e Mônica", uma das mais "assobiáveis"
canções da Legião.
O projeto mais adiantado é o de
Fontoura, diretor de "Copacabana Me Engana" (1968) e "A Rainha Diaba" (1974), entre outros.
O filme está em negociação com
distribuidoras. O cineasta pretende filmar de abril a junho do ano
que vem. A intenção é que "Religião..." chegue aos cinemas em
outubro de 2006, mês que marca
os dez anos da morte de Russo.
Mas esqueça os estádios repletos, os discursos contra a ação policial e as confissões para os fãs.
"Religião Urbana" vai focar o jovem professor de inglês Renato
Manfredini, dos seus 17 aos 23
anos, que descobre o punk e
monta a banda Aborto Elétrico.
"É a história da formação de um
artista, explorando a juventude
punk, rebelde e também bem-humorada", afirma Fontoura, que
fecha a história em 1983, quando
Russo se apresenta pela primeira
vez no Rio, no Circo Voador, ainda distante do sucesso.
A cessão dos direitos autorais
para filmar a biografia foi obtida
pelo bom trânsito de Borges, co-autor do roteiro, com a família de
Russo. "Comecei a dirigir clipes e
quis me aprofundar em cinema.
Conversando com outros amigos
e com a família, percebi como a
trajetória do meu amigo poderia
se tornar um ótimo filme", conta.
A irmã de Russo, Carmem Teresa Manfredini, 42, afirmou à Folha que autorizou a realização de
Fontoura e Borges porque "pode
confiar neles". "Tivemos [ela e
sua mãe] acesso a todo o projeto, e
ele nos satisfez. Anteriormente,
houve vetos e fomos à Justiça porque a família não havia sido nem
sequer consultada sobre peças baseadas na obra de Renato." Ela
não revelou valores da transação.
Fontoura, no entanto, diz que
não vai assinar um filme chapa-branca. Por isso, não vai se esquivar de temas como o homossexualismo e o uso de drogas. "O
Renato é um personagem cheio
de contradições. Nenhum tema
está embargado, vamos tocar em
todos os assuntos que fazem dele
um grande personagem."
Borges admite que o sucesso de
"Cazuza - O Tempo Não Pára",
sucesso de Sandra Werneck e
Walter Carvalho, fez "Religião
Urbana" ter uma proposta diferenciada. "De certa forma, se o
enredo se passasse nos anos de
sucesso do Renato, ficaria muito
parecido com "Cazuza"." Para o
elenco, ambos vão testar atores
desconhecidos. O protagonista
deve ser parecido com Russo.
Faroeste no Planalto
"Embrionário." É como está o
projeto já autorizado da versão
fílmica do épico "Faroeste Caboclo", segundo o diretor René
Sampaio. Ele ganhou diversos
prêmios com o seu "Sinistro", inclusive o de melhor curta do júri,
em Brasília-2000. Naquele ano,
conheceu o roteirista Luiz Bolognesi, de "Bicho de Sete Cabeças",
o grande vencedor entre longas
naquele ano. "Comecei a trabalhar no roteiro há duas semanas",
conta Bolognesi.
"Mas tenho algumas coisas delineadas: será a gênese de um bandido, a partir de sua chegada do
interior, seus desencantos na cidade grande e o final trágico."
Assim como "Religião...", ambos os títulos não vão evitar os
dias de chumbo. "Assim como
outros filmes recentes, não nos
furtaremos a refletir a tragédia social brasileira, mas sem estereotipar os personagens." E Sampaio
diz que a Brasília de seu filme "nada terá da Eldorado prometida,
sendo mostrada com certa crueza". O brasiliense que passou a juventude dedilhando acordes de
músicas da Legião pretende estrear seu filme no final de 2006.
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