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Progama documenta mundo dos encontros virtuais
PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK
"Ela tem várias fotos só dos
seios pra cima. Pode estar escondendo algum "junk in the trunk"
[lixo no porta-malas]." "No terceiro encontro, é quando o cara
espera que vá transar. Mas esse
não vai ser o caso hoje, não é o
meu plano...". "As pessoas perguntam se você é gay?". Essas são
só algumas das frases dos protagonistas de "Hooking Up", um
programa de cinco episódios que
estreou nos Estados Unidos na semana passada e já foi definido como uma mistura de "Sex and The
City" com "reality show".
O programa foi idealizado pela
divisão de notícias do canal ABC,
um dos mais populares da TV
aberta norte-americana, e tem o
objetivo de ser um documentário
sobre o mundo dos encontros pela internet: "Com 40 milhões de
americanos armando encontros
on-line, tem de haver alguém lá
fora para mim", diz a voz da narradora na abertura.
Para tentar dar mais fidelidade,
não houve inscrições. Os produtores contataram diretamente alguns sites de relacionamentos
norte-americanos e pediram listas de pessoas que pudessem ser
interessantes. Houve mais de 150
contatos e, depois de entrevistas,
foram selecionadas 11 mulheres,
todas profissionais bem-sucedidas, dos 26 aos 38 anos.
Uma delas é a gerente de salão
de cabeleireiros Cynthia, 33. "Ele
vai achar que sou uma vagabunda", confessa ela para uma amiga
sobre um de seus encontros. "É,
isso é verdade", diz a outra. "Mas
por quê?" "Porque você dorme
com todos os caras no primeiro
encontro", analisa a colega. "Não
é verdade, mas o que eu posso fazer, eu gosto mesmo de sexo", diz
a gerente, num dos primeiros diálogos do segundo episódio.
E há muito mais disso na uma
hora de duração do programa.
Amy, uma corretora de 28 anos,
saiu com dois caras nesse segundo episódio. O primeiro a levou
para vê-lo jogar rugbi, depois cometeu o que seria seu erro fatal:
foi conhecer a irmã e o marido de
Amy. Depois de hambúrgueres
no jardim e outros entretenimentos norte-americanos, acabou
transando com a corretora, mas
ali foi selado seu destino. A irmã
desaprovou o pretendente e Amy
acabou tudo por telefone.
O sexo, aliás, nunca aparece. As
pessoas falam abertamente se
acham que vão transar ou não, se
querem ou não, mas o máximo
que as câmeras mostram são beijos comportados. Quando se passa "para a terceira base" (já que se
trata de um programa nos EUA),
a edição corta.
O segundo encontro da loirinha
Amy é mais promissor e mais divertido de assistir. Seu futuro "date", David, 27, é o autor da frase
sobre o "junk in the trunk".
Quando as coisas evoluem -ele
cozinha pra ela no terceiro encontro- ela se mantém fiel ao objetivo de não transar, mas admite que
foi difícil segurar.
Há também alguns casais desastrosos. A fotógrafa Maryan, 29,
tem dois encontros, um pior que
o outro. No primeiro, sua primeira frase foi: "Você não se parece
com sua foto, nem um pouco". "É
a iluminação, você que é fotógrafa
devia saber disso."
No segundo, Maryan foi de um
extremo a outro no intervalo de
poucas frases. Após dizer ao consultor Sam, 29, que ele parecia o
galã Colin Farrell, perguntou pouco depois se as pessoas achavam
que ele era gay. O rapaz ainda se
explicou com a saída do "sensível". No táxi ela disse a ele que não
iriam transar naquela noite -a
persistência foi recompensada, e
Sam pôde ao menos dormir na
cama com ela (quem sabe fará sexo no próximo episódio...).
Na verdade, o programa fica no
meio do caminho entre o "reality
show", o documentário e "Sex
and the City". Revela um pouco
de cada faceta -como pensam
algumas mulheres adultas solteiras, como é a busca de alguém pela internet (um homem de 40
anos mente que tem 37) e como é
sair com alguém nos EUA (um casal aposta quem vai lavar o carro
do outro depois de uma aposta
num restaurante).
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