São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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Progama documenta mundo dos encontros virtuais

PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK

"Ela tem várias fotos só dos seios pra cima. Pode estar escondendo algum "junk in the trunk" [lixo no porta-malas]." "No terceiro encontro, é quando o cara espera que vá transar. Mas esse não vai ser o caso hoje, não é o meu plano...". "As pessoas perguntam se você é gay?". Essas são só algumas das frases dos protagonistas de "Hooking Up", um programa de cinco episódios que estreou nos Estados Unidos na semana passada e já foi definido como uma mistura de "Sex and The City" com "reality show".
O programa foi idealizado pela divisão de notícias do canal ABC, um dos mais populares da TV aberta norte-americana, e tem o objetivo de ser um documentário sobre o mundo dos encontros pela internet: "Com 40 milhões de americanos armando encontros on-line, tem de haver alguém lá fora para mim", diz a voz da narradora na abertura.
Para tentar dar mais fidelidade, não houve inscrições. Os produtores contataram diretamente alguns sites de relacionamentos norte-americanos e pediram listas de pessoas que pudessem ser interessantes. Houve mais de 150 contatos e, depois de entrevistas, foram selecionadas 11 mulheres, todas profissionais bem-sucedidas, dos 26 aos 38 anos.
Uma delas é a gerente de salão de cabeleireiros Cynthia, 33. "Ele vai achar que sou uma vagabunda", confessa ela para uma amiga sobre um de seus encontros. "É, isso é verdade", diz a outra. "Mas por quê?" "Porque você dorme com todos os caras no primeiro encontro", analisa a colega. "Não é verdade, mas o que eu posso fazer, eu gosto mesmo de sexo", diz a gerente, num dos primeiros diálogos do segundo episódio.
E há muito mais disso na uma hora de duração do programa. Amy, uma corretora de 28 anos, saiu com dois caras nesse segundo episódio. O primeiro a levou para vê-lo jogar rugbi, depois cometeu o que seria seu erro fatal: foi conhecer a irmã e o marido de Amy. Depois de hambúrgueres no jardim e outros entretenimentos norte-americanos, acabou transando com a corretora, mas ali foi selado seu destino. A irmã desaprovou o pretendente e Amy acabou tudo por telefone.
O sexo, aliás, nunca aparece. As pessoas falam abertamente se acham que vão transar ou não, se querem ou não, mas o máximo que as câmeras mostram são beijos comportados. Quando se passa "para a terceira base" (já que se trata de um programa nos EUA), a edição corta.
O segundo encontro da loirinha Amy é mais promissor e mais divertido de assistir. Seu futuro "date", David, 27, é o autor da frase sobre o "junk in the trunk". Quando as coisas evoluem -ele cozinha pra ela no terceiro encontro- ela se mantém fiel ao objetivo de não transar, mas admite que foi difícil segurar.
Há também alguns casais desastrosos. A fotógrafa Maryan, 29, tem dois encontros, um pior que o outro. No primeiro, sua primeira frase foi: "Você não se parece com sua foto, nem um pouco". "É a iluminação, você que é fotógrafa devia saber disso."
No segundo, Maryan foi de um extremo a outro no intervalo de poucas frases. Após dizer ao consultor Sam, 29, que ele parecia o galã Colin Farrell, perguntou pouco depois se as pessoas achavam que ele era gay. O rapaz ainda se explicou com a saída do "sensível". No táxi ela disse a ele que não iriam transar naquela noite -a persistência foi recompensada, e Sam pôde ao menos dormir na cama com ela (quem sabe fará sexo no próximo episódio...).
Na verdade, o programa fica no meio do caminho entre o "reality show", o documentário e "Sex and the City". Revela um pouco de cada faceta -como pensam algumas mulheres adultas solteiras, como é a busca de alguém pela internet (um homem de 40 anos mente que tem 37) e como é sair com alguém nos EUA (um casal aposta quem vai lavar o carro do outro depois de uma aposta num restaurante).


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