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MÚSICA
"Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro" traz participação especial de Peter Buck, guitarrista do R.E.M.
Nando Reis namora romantismo e MPB
DA REPORTAGEM LOCAL
Muita coisa aconteceu entre "12
de Janeiro" (95), primeiro CD solo do titã Nando Reis, e o novo
"Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro", que tem Jack
Endino (que trabalhou com Nirvana) na co-produção e o bandolim de Peter Buck (do R.E.M.) em
duas faixas.
Em 95, as canções românticas
que Nando gostava de fazer eram
aceitas com reserva pelos Titãs.
De lá para cá, eles emplacaram 1,7
milhão de cópias vendidas de
"Acústico MTV" (97), que rendeu
continuação ("Volume Dois", de
98) e a aproximação da banda da
sonoridade mais calma de Nando.
"Até que enfim eles se aproximaram de mim. As confusões dos
Titãs são problemas deles
-meus inclusive. Hoje não sou
tão perseguido como era, sou
mais confiante. Comecei aos 19
anos e estou com 37. As coisas vão
acontecendo", diz.
Sobre o "Acústico MTV": "Fiquei muito feliz de voltar a trabalhar com Liminha". Sobre "Volume 2": "Aconteceram milhares de
coisas, a gente se perdeu". Sobre o
posterior disco de covers, "As Dez
Mais" (99): "É muito longo, não
vamos falar sobre isso".
Depois de "As Dez Mais", os Titãs saíram da WEA e foram para a
Abril. Nando lança seu segundo
solo ainda pela gravadora de antes e fala da experiência: "Espero
que a WEA faça comigo tudo o
que fazia com os Titãs. A gravadora achava que era encerramento
de contrato, expliquei que é o disco da minha vida, a melhor coisa
que fiz. Meu espírito é divulgar,
fazer shows. Os Titãs só voltam
em abril, tenho tempo para isso".
Ele admite estar se preocupando, pela primeira vez, com questões vocais. "Sempre detestei ouvir minha voz, sei que ela tem um
timbre peculiar. Só percebi quando fui gravar o primeiro solo e tive
uma crise, não conseguia cantar.
Foi aí que fui ouvir Neil Young,
descobri que é possível ter voz estranha, cantar bem "cantando
mal". Hoje gosto de me ouvir,
acho que estou cantando bem."
Contando sobre o novo disco,
Nando explica que "All Star" é dedicada a Cássia Eller e "O Vento
Noturno do Verão", a Gal Costa.
"Há dois anos, eu e Gal tínhamos o mesmo empresário, que estava empenhado em querer que
ela me conhecesse. Finalmente
aconteceu, quando ela ia fazer seu
"Acústico". Saímos juntos, ela
guiando e eu ao lado, meio sem
assunto. Falei: "Adoro o soprar do
vento noturno do verão". Ela brincou que isso dava música, fiz na
mesma noite. Queria encantá-la."
Gal não a gravou, e aí? "É chato,
mas milhões de pessoas não me
gravaram, tenho essa experiência
dentro dos próprios Titãs. É frustrante, principalmente quando
me pedem para fazer a música."
Algum exemplo dessa última situação? "A maior recusa que tive
foi quando Maria Bethânia pediu
que eu fizesse uma música para
ela. Estava crente que ia gravar,
quando me ligou falando que não
ia e explicando as razões. Foi uma
gratíssima surpresa, até pelos
próprios motivos que ela expôs.
Foi a recusa mais sincera e a mais
importante."
Todas essas histórias, mais o
disco feito com Marisa Monte
("Verde Anil Amarelo Cor-de-Rosa e Carvão", de 94), significariam tentativas de Nando de se filiar à MPB, em oposição ao rock
que o formou?
"Eu admiro algumas pessoas da
MPB, mas me aproximo muito
mais das bandas. Não acho que
me afasto do rock, minha cabeça
hoje integra dois pólos que pareciam dissociados, da MPB com
Marisa Monte e do rock pesado
com os Titãs."
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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