São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA
"Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro" traz participação especial de Peter Buck, guitarrista do R.E.M.
Nando Reis namora romantismo e MPB

DA REPORTAGEM LOCAL

Muita coisa aconteceu entre "12 de Janeiro" (95), primeiro CD solo do titã Nando Reis, e o novo "Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro", que tem Jack Endino (que trabalhou com Nirvana) na co-produção e o bandolim de Peter Buck (do R.E.M.) em duas faixas.
Em 95, as canções românticas que Nando gostava de fazer eram aceitas com reserva pelos Titãs. De lá para cá, eles emplacaram 1,7 milhão de cópias vendidas de "Acústico MTV" (97), que rendeu continuação ("Volume Dois", de 98) e a aproximação da banda da sonoridade mais calma de Nando.
"Até que enfim eles se aproximaram de mim. As confusões dos Titãs são problemas deles -meus inclusive. Hoje não sou tão perseguido como era, sou mais confiante. Comecei aos 19 anos e estou com 37. As coisas vão acontecendo", diz.
Sobre o "Acústico MTV": "Fiquei muito feliz de voltar a trabalhar com Liminha". Sobre "Volume 2": "Aconteceram milhares de coisas, a gente se perdeu". Sobre o posterior disco de covers, "As Dez Mais" (99): "É muito longo, não vamos falar sobre isso".
Depois de "As Dez Mais", os Titãs saíram da WEA e foram para a Abril. Nando lança seu segundo solo ainda pela gravadora de antes e fala da experiência: "Espero que a WEA faça comigo tudo o que fazia com os Titãs. A gravadora achava que era encerramento de contrato, expliquei que é o disco da minha vida, a melhor coisa que fiz. Meu espírito é divulgar, fazer shows. Os Titãs só voltam em abril, tenho tempo para isso".
Ele admite estar se preocupando, pela primeira vez, com questões vocais. "Sempre detestei ouvir minha voz, sei que ela tem um timbre peculiar. Só percebi quando fui gravar o primeiro solo e tive uma crise, não conseguia cantar. Foi aí que fui ouvir Neil Young, descobri que é possível ter voz estranha, cantar bem "cantando mal". Hoje gosto de me ouvir, acho que estou cantando bem."
Contando sobre o novo disco, Nando explica que "All Star" é dedicada a Cássia Eller e "O Vento Noturno do Verão", a Gal Costa.
"Há dois anos, eu e Gal tínhamos o mesmo empresário, que estava empenhado em querer que ela me conhecesse. Finalmente aconteceu, quando ela ia fazer seu "Acústico". Saímos juntos, ela guiando e eu ao lado, meio sem assunto. Falei: "Adoro o soprar do vento noturno do verão". Ela brincou que isso dava música, fiz na mesma noite. Queria encantá-la."
Gal não a gravou, e aí? "É chato, mas milhões de pessoas não me gravaram, tenho essa experiência dentro dos próprios Titãs. É frustrante, principalmente quando me pedem para fazer a música."
Algum exemplo dessa última situação? "A maior recusa que tive foi quando Maria Bethânia pediu que eu fizesse uma música para ela. Estava crente que ia gravar, quando me ligou falando que não ia e explicando as razões. Foi uma gratíssima surpresa, até pelos próprios motivos que ela expôs. Foi a recusa mais sincera e a mais importante."
Todas essas histórias, mais o disco feito com Marisa Monte ("Verde Anil Amarelo Cor-de-Rosa e Carvão", de 94), significariam tentativas de Nando de se filiar à MPB, em oposição ao rock que o formou?
"Eu admiro algumas pessoas da MPB, mas me aproximo muito mais das bandas. Não acho que me afasto do rock, minha cabeça hoje integra dois pólos que pareciam dissociados, da MPB com Marisa Monte e do rock pesado com os Titãs."
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)



Texto Anterior: Relâmpagos - João Gilberto Noll: Quieta duração
Próximo Texto: Roqueiro é romântico alucinado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.