São Paulo, segunda, 24 de agosto de 1998

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CLOSE-UP PLANET
Festival, com 20 mil ingressos vendidos, foi cancelado em SP anteontem, devido a problemas no palco Promotora decide devolução de dinheiro
Parafuso de 2cm derruba festival em SP

LEANDRO FORTINO
da Reportagem Local

Agora só no Chile, na Argentina ou na Inglaterra. O rompimento de um parafuso de 2 cm de diâmetro acabou com o sonho de 20 mil pessoas que não puderam conferir de perto as atrações do festival Close-Up Planet, cancelado anteontem, às 23h, pela promotora Joker Entertainment.
Deveriam se apresentar na noite de sábado os estrangeiros Prodigy, Björk e Mike Paradinas, os brasileiros Racionais MC's, Marcelo D2 e Nação Zumbi e os DJs Markinhos Mesquita e Mark Marky, no evento que poderia ser considerado o grande festival pop de 1998.
"Estou acordando de um grande pesadelo", lamentou o dono da Joker, Celio Fernandes, em entrevista coletiva à imprensa realizada ontem, às 14h, no hotel Crowne Plaza, em São Paulo.
Apesar de prometido pela assessoria, nenhum representante da Mills do Brasil Estruturas e Serviços Ltda., responsável pela montagem da estrutura do palco, esteve presente na entrevista coletiva.
Lamentando mesmo está o público, que ainda não sabe o que terá de fazer com o cartão magnético que daria acesso ao festival.
Segundo Fernandes, hoje está prevista "uma reunião para decidir como devolveremos o dinheiro dos 20 mil ingressos vendidos, mas posso garantir que todos serão ressarcidos".
O plano é criar um sistema de catracas no qual os ingressos serão introduzidos, e o dinheiro será devolvido. Os donos dos ingressos ainda terão de assinar um documento que comprovará o recebimento do valor referente à devolução do dinheiro gasto.
Não foi esclarecido se haverá indenização quanto aos gastos daqueles que tiveram de se deslocar de outras cidades especialmente para o Close-Up Planet.
Esse tipo de incidente pode acabar acarretando o velho empurra-empurra de responsabilidades. A Joker afirma que a culpa é da Mills. Mas a Mills só pôde construir o palco depois de ter recebido liberação do Contru (Departamento de Controle e Uso de Imóveis), órgão municipal que verifica a segurança de edificações.
Segundo o diretor do órgão, Rubens Brandão de Souza, "a vistoria do Contru é feita visualmente, já que, nesses eventos, o palco é montado praticamente de última hora e não há tempo para chegar detalhes da montagem".
A liberação foi feita por meio de atestado assinado pelo engenheiro responsável, Luiz Ary, da Mills, o que é um procedimento perfeitamente legal, segundo Souza, apesar de a organização ainda não dispor do alvará, publicado no "Diário Oficial" de sábado.
"Eu sei e todo mundo sabe de quem é a culpa. A culpa é da Mills, o único problema foi o palco da Mills", afirmou Fernandes.
O presidente da Mills, Elio Demier, disse estar aguardando uma perícia da estrutura do palco, feita por um instituto independente, a ser realizada hoje, para depois ter condições de dizer o que provocou o rompimento do teto do palco e trouxe o cancelamento.
"Na semana anterior, o grupo Sepultura se apresentou sem nenhum problema sob o mesmo palco, com equipamento de luz equivalente. Uma semana depois, tivemos treliças (sistema de vigas cruzadas empregado no palco) que envergaram e torceram, sem explicação", afirmou Demier.
No sábado, Demier assinou um fax no qual afirmava entregar no domingo um palco com totais condições técnicas para a realização dos shows e assumindo os prejuízos do adiamento.
"Nós entregaríamos em tempo, mas as bandas desistiram de se apresentar no festival no dia seguinte", afirmou. De acordo com a assessoria de imprensa do festival, todos os artistas lamentaram muito o cancelamento do Close-Up Planet em São Paulo.
A atração de maior interesse do festival, o grupo inglês Prodigy, que encerraria o evento, afirmou, por meio de fax enviado pela gravadora RoadRunner, que "toda a banda está muito triste por não poder fazer o show e, mesmo não tendo nenhuma responsabilidade pelo ocorrido, pede desculpas para todos os fãs e promete voltar no ano que vem".



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