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"Não uso mais pasta de dente Close-Up"
da Reportagem Local
"Não queria o dinheiro de volta,
não queria mixaria de R$ 25. Queria ver os caras. A Close-Up Planet
não tá (sic) nem aí pra gente. E
tem mais: não vou mais usar pasta
de dente Close-Up."
O desabafo da estudante e skatista Ivani Souza Santos, 15, resume a
insatisfação dos cerca de 8.000
adolescentes que passaram horas
na porta do Anhembi no sábado.
Ivani e um grupo de 15 amigos,
entre 15 e 18 anos, chegaram ao local às 22h de sexta. Vinham do Capão Redondo, zona sul, e pretendiam dormir lá. "Nem dormimos.
A empolgação era muita."
"Quando avisaram que o show
não aconteceria, nos deitamos no
chão e gritamos "Prodigy! Prodigy!'", conta a menina.
O office boy Vander Gonçalves
Batista, 15, reclama que gastou
condução, lanche, tempo
-"duas horas só para vir de Taboão da Serra"- e o que ganhou
foi "vontade de quebrar tudo".
"Mas como não se deve fazer essas coisas, me aguentei. Meu amigo Djavan ficou mais revoltado do
que eu. Nem dormiu na noite de
sábado, de tanta raiva", diz.
Quem teve mesmo que aguentar
a ira adolescente foi a telefonista
de plantão ontem no Anhembi.
"Mais de mil telefonemas", diz
Tania Barreto, 24, que não conseguiu tempo nem para almoçar.
"Ligam xingando, dizem que
vão por fogo, explodir o Anhembi
etc. Um deles disse que ia dar um
tiro na minha testa", diverte-se.
Xingamento, aliás, é o que não
falta: "A gente levantou maior cedo (sic) pra ir na bosta desse show,
ninguém deu informação que não
ia ter, e depois a polícia ainda
amontoa a gente", fala a balconista Andréa, do Imirim, zona norte.
O fã número um Wesley Salles
Bezerra, 21, tem discos do Prodigy
desde 1992 e chegou ao Anhembi
às 4h do sábado. Estudante de direito, vê a boa vontade de seus
ídolos -"até cancelaram o show
no Chile"-, mas não perdoa a
organização do festival. "Colocam uma ilusão na nossa cabeça e
depois destroem tudo."
Há ainda quem veio de fora.
Uma produtora de vídeo, que não
quis se identificar, mentiu para
seu chefe no Nordeste, ganhou um
dia livre e pegou um avião para ver
o show em São Paulo. "A passagem ninguém vai me devolver",
reclama.
(IVAN FINOTTI)
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