MARIANE MORISAWA
da Redação

O presidente dos EUA, em plena campanha pela reeleição, é acusado de assediar uma garota de 14 anos no famoso Salão Oval da Casa Branca, ainda mais em tempos de Monica Lewinsky.
Para abafar o caso, um especialista em marketing político se une a um produtor de Hollywood para criar uma guerra fictícia -que se torna "real" por meio da televisão- contra a Albânia.
Não, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. O que era divertido, oportuno -mas não oportunista-, na época do lançamento, quando Bill Clinton já se debatia contra as acusações de casos extraconjugais, ganha ares de confirmação, com os recentes bombardeios ao Sudão e ao Afeganistão.
Porém a fita não se prende ao presidente, mas sim às pessoas contratadas para ajudá-lo no encobrimento do escândalo.
O chefe maior, guardião do mundo, nem aparece -sua presença só é notada em ligações ao celular de sua assessora. Robert De Niro interpreta o especialista Conrad Brean, que chama o produtor Stanley Motts (Dustin Hoffman) para ajudá-lo na tarefa.
Juntos, eles manipulam imagens, criam slogans e o motivo -terroristas albaneses teriam desenvolvido uma bomba para atacar os EUA. Se algo der errado, não há problema -"it's nothing" (não é nada), como repete Motts. Eles logo transformam um zé-ninguém em herói nacional, com direito a jingle e moda.
O roteiro, de David Mamet e Hilary Henkin, não ataca em específico o atual presidente. Toma essa criação dos fatos como algo corriqueiro, que qualquer "príncipe" utilizaria para manter seu cargo.
E também acaba por criticar a televisão, já que, como diz Conrad Brean, o que "deu na TV" só pode ser verdade. Assim, guerras podem ser fabricadas, heróis, construídos, tudo porque o que aparece na telinha parece prova do real para o grande público.

Filme: Mera Coincidência Produção: EUA, 1997, 97 min Direção: Barry Levinson Com: Robert De Niro, Dustin Hoffman, Anne Heche, Willie Nelson, William H. Macy Lançamento: Warner (011/820-6777)


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