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Ben Allison apresenta a "evolução" do jazz
Baixista americano criador de coletivo que deu novo fôlego ao gênero toca em SP
"Jazz é um tipo de música em constante evolução. Ele precisa mudar, senão morre", diz Allison, que prefere o novo ao clássico
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No início dos anos 90, o baixista norte-americano Ben
Allison assumiu uma missão
tão arriscada quanto necessária: tentar salvar o jazz de se
tornar peça de museu. Em parceria com outros músicos jovens radicados em Nova York,
ele criou o Jazz Composers Collective, um coletivo de compositores e instrumentistas que
trouxe novo fôlego criativo a
esse gênero musical.
"Quando entrei em cena, no
final dos anos 80, havia um forte movimento conservador no
jazz. Por isso havia o medo
crescente de que o jazz pudesse
se tornar uma arte de repertório, como a música clássica européia", relembra o músico de
41 anos, que está em São Paulo
para três apresentações.
Hoje, ele e seu quinteto, o
Man Size Safe, formado por
Ron Horton (trompete), Michael Blake (sax), Steve Cardenas (guitarra) e Michael Sarin
(bateria) tocam no Ao Vivo Music. Na sexta e no sábado, serão
os convidados dos concertos
que a orquestra Jazz Sinfônica
fará no Auditório Ibirapuera.
Nessas três apresentações
entram composições de Allison
que fazem parte de seu álbum
mais recente, "Little Things
Run the World" (pequenas coisas dominam o mundo), lançado em janeiro, nos Estados
Unidos. Segundo Dan Ouellette, crítico da revista "Down
Beat", um CD que "promete ficar entre os melhores de 2008".
Aos desavisados, vale o recado: quem for às apresentações
de Allison com o Man Size Safe
esperando ouvir releituras de
clássicos do gênero, como um
standard de Duke Ellington ou
uma velha canção de Cole Porter, pode se decepcionar.
"Para mim, esse tipo de música fala de uma época que já
passou. Elas foram, e ainda são,
grandes músicas, mas não fizeram parte de minha juventude", justifica o jazzista, que
combina em suas composições
influências de diversos gêneros, como o pop, o rock, ritmos
latinos ou música africana,
além do jazz de vanguarda.
Evolução do jazz
"Acho que o jazz é uma música em constante evolução. Ele
precisa mudar, senão morre",
afirma Allison, ressaltando a
necessidade que ele e seus parceiros sentem de renovar essa
música. "Nós faríamos uma injustiça às grandes mentes musicais que vieram antes de nós,
se não corrêssemos riscos para
criar algo novo."
Durante os 12 anos em que
dirigiu o Jazz Composers Collective (1992-2004), Allison
seguiu à risca esse ideal, desenvolvendo-se como compositor,
arranjador e instrumentista, ao
lado de outros inventivos parceiros, como o pianista Frank
Kimbrough, o trompetista Ron
Horton e os saxofonistas Ted
Nash e Michael Blake.
"Para mim, esse projeto significou uma fantástica explosão de criatividade", sintetiza,
esboçando um balanço. "Ao final desse trabalho, o JCC tinha
feito mais de cem concertos,
exibindo mais de 250 músicos e
50 compositores, que estrearam mais de 300 obras. Mesmo
que o JCC esteja morto como
organização, o espírito do que
tentamos fazer permanece em
muitos grupos que seguem tocando pelo mundo."
Mesmo que sua obra não seja
tão popular como as de jazzistas mais conservadores, Allison
não pode reclamar de falta de
reconhecimento. Desde a década passada seu nome aparece
nas enquetes das revistas especializadas, que elegem os destaques do ano, em diversas categorias: de compositor e arranjador em ascensão a melhor
baixo acústico.
BEN ALLISON
Quando: hoje, às 21h (Ao Vivo Music), e sex. e sáb., às 21h (Auditório
Ibirapuera)
Onde: Ao Vivo Music (r. Inhambu, 229,
tel. 0/xx/11/5052-0072); Auditório
Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral,
s/nº, portão 2, pq. Ibirapuera, tel. 0/
xx/11/6846-6000)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 18 anos
Quanto: R$ 25 (Ao Vivo Music) e R$ 30
(Auditório Ibirapuera)
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