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OPINIÃO
Lei não eximiria os pais de controlarem o que o filho vê
GABRIEL PRIOLLI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Vamos direto ao ponto: fazer televisão comercial e reduzir a veiculação de publicidade -infantil ou qualquer
outra- são metas inconciliáveis. Não é possível esperar
que uma empresa tome medidas, de moto próprio, para
limitar o seu lucro.
Se a busca natural da maximização de resultados
eventualmente envolver a
veiculação de conteúdos
sensíveis, a TV, então, apresentará as mais elaboradas
justificativas para colocá-los
no ar e assegurar a robustez
do caixa.
No limite, se for acuada,
assumirá o papel de vítima e
dirá que querem censurá-la.
Resistirá sempre, até o ponto
da insensatez se necessário.
É certamente intenso o
bombardeio de mensagens
comerciais sobre as crianças
e todos os telespectadores.
Sobretudo nas efemérides favoráveis ou especialmente
criadas para estimular o consumo, como o Dia da Criança, das Mães, dos Pais, o Natal ou a Páscoa.
É certo também que os pequenos são menos capazes
de resistir aos apelos sedutores da boa publicidade e que
a exposição de suas mentes
em formação à volúpia consumista não ajuda a formar
adultos moderados.
Mas, diante disso, o que fazer exatamente?
CONTROLE
Estabelecido o conflito de
interesses entre o empreendimento comercial da televisão e a sociedade que deseja
proteger-se de mensagens
nocivas, só há um caminho
razoável e democrático a seguir: o da regulação.
Não a autorregulação,
que, diante do problema,
apenas tergiversa e eventualmente coíbe hoje para liberar
amanhã. Mas o regramento
legal, amplamente debatido
pela cidadania, votado e
aprovado no Parlamento, fiscalizado pelo executivo, arbitrado pela Justiça. O que nada tem a ver com censura.
Convém, entretanto, não
esperar milagres. A eventual
suspensão da publicidade na
programação infantil não dará proteção total às crianças.
Elas seguirão assistindo à
programação adulta, como
fazem usualmente, e estarão
expostas a mensagens muito
mais nocivas do que anúncios de brinquedos.
Assim sendo, não há como
escapar: o controle mais efetivo será sempre o cuidado
dos pais. Quanto menos remoto, melhor.
GABRIEL PRIOLLI é jornalista e diretor
de televisão
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