São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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Olivetti volta aos palcos com nova geração

Excêntrico e avesso a entrevistas, produtor tocou no CopaFest, ao lado de Donatinho, Davi Moraes e Kassin

Tecladista, que já foi acusado pela crítica de ter "pasteurizado" a MPB, vai lançar composições inéditas

CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Muitos não o conhecem, mas já ouviram seus arranjos para trilhas de novelas de grande sucesso na TV, como "Baila Comigo" (1981) e "Dancin' Days" (1978).
Lincoln Olivetti traz no rosto as marcas dos altos e baixos da fama. A barba e os cabelos totalmente brancos soam incompatíveis com seus 57 anos.
A imagem de excêntrico, que já vem dos anos 1980, não é gratuita. Seu estúdio de gravação, na casa onde vive, no alto de um morro na estrada do Joá, no Rio, é sombrio como uma caverna.
Olivetti falou à Folha, na noite da última quinta-feira, minutos depois de acordar, porque costuma trabalhar só depois que o sol se põe.
"O fato de eu não dar entrevistas, como se esnobasse a imprensa, criou essa antipatia, mas eu não ligava para isso. Na verdade, liguei o foda-se. Tinha trabalho demais", diz ele.
Assim Olivetti explica a razão de não responder aos críticos que o acusavam de ter "pasteurizado" a MPB, com arranjos que criou para sucessos de Gal Costa, Emilio Santiago e Rita Lee, entre muitos outros artistas.

CRÍTICAS
"No começo, até gostei. Achei que as críticas funcionaram de maneira positiva, porque passaram a falar mais de mim. Não esquento com o passado", disse o tecladista, que na última sexta voltou aos palcos na quarta edição do CopaFest, onde reviveu os bailes de subúrbio que fazia desde a adolescência.
Hoje ele se defende: "Me acusaram de pasteurizar a música brasileira, mas eu fazia o contrário disso.
Para mim, cada arranjo tem que ser diferente do outro".
"Quando o [produtor] Mazzola me pediu um arranjo para a Elba Ramalho, na linha de 'Festa do Interior' (sucesso de Gal Costa), fiz o arranjo de 'Banho de Cheiro', que é totalmente diferente. Sempre busquei derrubar as expectativas dos produtores, mas são eles que dão a forma final a uma gravação".

MÚSICAS INÉDITAS
Trinta anos após seu cultuado álbum com o guitarrista Robson Jorge (1954-1993), que reuniu hits televisivos da dupla, Olivetti revela que vai lançar novidades em breve. "Posso até incluir novos arranjos para algumas músicas que deram certo, mas quero mostrar composições inéditas, principalmente.
Talvez eu as lance só na internet."
Sobre sua produção mais recente, Olivetti não esconde o orgulho por trabalhar já há alguns anos com Alê Siqueira e Kassin, criativos produtores da nova geração. "Me sinto bem com eles porque são futuristas como eu."

O jornalista CARLOS CALADO viajou a convite da produção do CopaFest.



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