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CINEMA/ESTRÉIA
"SEXO, PUDOR E LÁGRIMAS"
Diretor mexicano retrata clichês da guerra dos sexos entre três casais
ESPECIAL PARA A FOLHA
A inevitável precariedade
e a inelutável insuficiência
das relações amorosas: tal é o tema de "Sexo, Pudor e Lágrimas",
comédia mexicana que se enquadra no gênero já um tanto ultrapassado da guerra dos sexos.
É bem verdade que nos teatros
populares esse é um filão ainda
comum. O filme começou assim,
como uma montagem teatral das
mais populares, e terminou como
a terceira maior bilheteria da história do cinema mexicano.
O seu autor, o dramaturgo Antônio Serrano, desenvolve aqui
duas situações que se revelam, no
paralelismo da narrativa, das
mais simétricas: num apartamento, há um intelectual impotente e
sua mulher ninfômana, saudosa
dos tempos em que o marido era
um "homo erectus". Na janela em
frente, um yuppie arrivista, o clichê do publicitário que perdeu a
alma, briga diariamente com sua
infeliz companheira, o clichê da
dondoca abandonada.
Em ambos os lados da rua, a crise dos casais eclode de vez com a
chegada de um terceiro: o ex-namorado da ninfômana, um mochileiro hedonista e algo patético,
interpretado por um astro das novelas mexicanas (Demián Bichir),
e a ex-namorada do publicitário,
uma compenetrada zoóloga que,
não sendo tão histérica quanto as
demais mulheres do filme, revela-se a mais frágil -é ela quem ensina às demais que existem certas
espécies de animais que não se reproduzem em cativeiro: os machos tornam-se muito violentos, e
as fêmeas, irascíveis.
Serrano quer nos revelar os recalques de seus personagens e
promove uma verdadeira sessão
de regressão. Depois de cumprir
seus respectivos ritos de traição e
separação, os casais passam dos
triângulos (amorosos) para uma
subdivisão por gênero.
Enquanto o "clube do Bolinha"
reclama, de um lado, do clitóris
que nunca achou, o "clube da Luluzinha" lamenta, do outro, o fato
do Q.I. dos homens não ser proporcional ao tamanho do pênis.
Enfim, nenhuma novidade: as
mulheres terão de aprender a se
emancipar, e os homens, a se virar
sozinhos. Só não conseguirão levar por muito tempo a idealizada
vida feliz de castidade.
(TIAGO MATA MACHADO)
Sexo, Pudor e Lágrimas
Sexo, Pudor y Lágrimas
Direção: Antônio Serrano
Produção: EUA, 2000
Com: Suzana Zabaleta, Victor Hugo
Martín, Demián Bichir
Quando: a partir de hoje nos cines Belas
Artes, Lumière, Morumbi e Vitrine
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