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Exemplos da ficção engajada de Jack London chegam ao Brasil
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mal teve tempo para estudar.
Em sua relativamente curta passagem por este mundo, Jack London (1876-1916) vendeu jornal na
rua aos dez anos, trabalhou em lavanderias, carvoarias e navios
pesqueiros, foi preso, comunista,
jornalista e, ao final de tudo isso,
deixou um legado de pelo menos
43 romances para deleite da história da literatura americana.
De personalidade controversa,
o jovem escritor cuja corrida ao
norte do continente americano
rendera "fábulas autobiográficas"
clássicas como "Caninos Brancos" (1906) e "O Chamado Selvagem" (1903), ambas extensamente editadas no Brasil, coleciona
admiradores tão díspares como
Anatole France e Lênin, George
Orwell e Monteiro Lobato -que
traduziu pela primeira vez o autor
para o português.
Um exemplo de sua prosa de
poucos rodeios, de ficção, mas
com os dois pés no realismo social, volta a atrair editores brasileiros com o lançamento de "A Praga Escarlate", pela Conrad.
Publicado originalmente em
1912, seis anos após um violento
terremoto que London cobrira
para um jornal local de São Francisco, "A Praga Escarlate" narra a
destruição quase completa dos
Estados Unidos por uma doença
fulminante que deixa pouquíssimos sobreviventes humanos. Estes "desaprendem" a civilização e
encaram uma volta aos primórdios da vida em sociedade.
Pois "A Praga..." é um exemplo
perfeito da mistura de imaginação -ambientado nas últimas
décadas dos século 21, o livro pode ser considerado um dos precursores do gênero catástrofe de
ficção-científica- com crítica social a que o escritor se dedicaria
por quase toda a sua carreira.
Até o final de fevereiro, outros
dois textos, mais políticos ainda,
de Jack London devem ganhar
edição nacional.
O romance "O Tacão de Ferro",
pela Boitempo, virá acompanhado por prefácio do escritor Anatole France e posfácio de Leon
Trotsky. De 1908, o texto precede
as hoje conhecidas narrativas de
proletários versus máquina estatal. Já o conto "A Greve" terá publicação pela Pão e Rosas.
A PRAGA ESCARLATE. Autor: Jack
London. Tradução: Roberto DeNice.
Ilustrações: Gordon Grant. Editora:
Conrad. Preço: R$ 23 (104 págs.).
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