São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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Para Gorender e Fausto, serviços e cultura são pontos positivos de SP

DA REDAÇÃO

Há mais de 40 anos vivendo em São Paulo, o soteropolitano Jacob Gorender, 80, acha que a cidade tem problemas "tão grandes quanto ela". "Mas o que faz pessoas como eu não quererem sair daqui? É a sua criatividade, sua riqueza étnica e o fato de a cidade ter o melhor em termos de saúde, educação e cultura."
Por ser a cidade brasileira mais próspera, diz, "São Paulo reflete de maneira superlativa tudo o que existe no Brasil de bom e de mau".
Autor de clássicos da historiografia nacional, como "O Escravismo Colonial" e "Combate nas Trevas", Gorender considera que os problemas de São Paulo são principalmente dois. "Aqui estão as maiores desigualdades do Brasil. As famílias mais ricas e uma massa enorme de despossuídos." Gorender ainda destaca a violência. "O cidadão comum é obrigado a passar os dias atento, tanto por causa da violência criminal como da policial."

Riqueza étnica
Bóris Fausto, 73, professor da USP e autor de "A Revolução de 30", também vê aspectos positivos e negativos. "A observação das pessoas comuns que vivem fora da cidade é: "Que coisa horrível, como é que vocês conseguem viver aí?". Enxergam o crime, o trânsito pavoroso. Isso me dá um certo mal-estar, porque é uma sensação verdadeira. Não dá para esconder a violência, a poluição. Não se pode chamar isso de progresso, o que pareceria desenvolvimentismo com gosto de regime militar."
Por outro lado, Fausto acha que a cidade "tem grande pujança, uma vida cultural intensa, uma oferta de serviços grande para quem tem poder de consumo. Mas o que gosto muito mesmo daqui é da convivência de etnias".
(SYLVIA COLOMBO e CASSIANO ELEK MACHADO)


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