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Para Gorender e Fausto, serviços e cultura são pontos positivos de SP
DA REDAÇÃO
Há mais de 40 anos vivendo em
São Paulo, o soteropolitano Jacob
Gorender, 80, acha que a cidade
tem problemas "tão grandes
quanto ela". "Mas o que faz pessoas como eu não quererem sair
daqui? É a sua criatividade, sua riqueza étnica e o fato de a cidade
ter o melhor em termos de saúde,
educação e cultura."
Por ser a cidade brasileira mais
próspera, diz, "São Paulo reflete
de maneira superlativa tudo o que
existe no Brasil de bom e de mau".
Autor de clássicos da historiografia nacional, como "O Escravismo Colonial" e "Combate nas
Trevas", Gorender considera que
os problemas de São Paulo são
principalmente dois. "Aqui estão
as maiores desigualdades do Brasil. As famílias mais ricas e uma
massa enorme de despossuídos."
Gorender ainda destaca a violência. "O cidadão comum é obrigado a passar os dias atento, tanto
por causa da violência criminal
como da policial."
Riqueza étnica
Bóris Fausto, 73, professor da
USP e autor de "A Revolução de
30", também vê aspectos positivos e negativos. "A observação
das pessoas comuns que vivem
fora da cidade é: "Que coisa horrível, como é que vocês conseguem
viver aí?". Enxergam o crime, o
trânsito pavoroso. Isso me dá um
certo mal-estar, porque é uma
sensação verdadeira. Não dá para
esconder a violência, a poluição.
Não se pode chamar isso de progresso, o que pareceria desenvolvimentismo com gosto de regime
militar."
Por outro lado, Fausto acha que
a cidade "tem grande pujança,
uma vida cultural intensa, uma
oferta de serviços grande para
quem tem poder de consumo.
Mas o que gosto muito mesmo
daqui é da convivência de etnias".
(SYLVIA COLOMBO e CASSIANO ELEK MACHADO)
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