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POLÊMICA
Presidente da entidade diz que só sai se for derrubado
Demissão de dois executivos estremece Fundação Bienal
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
O pedido de demissão de dois
executivos da Fundação Bienal de
São Paulo está causando atritos
entre o presidente da entidade, o
arquiteto Carlos Bratke, e sua diretoria.
Na segunda-feira, a diretoria se
reuniu com Bratke para tratar do
assunto. "Fizeram algumas críticas e me pressionaram. Queriam
readmitir um dos funcionários",
afirmou o presidente, que não cedeu aos pedidos.
Durante a reunião, Bratke chegou a falar na própria demissão.
"Eu disse: "Em último caso, se eu
pedir demissão, vocês ficariam
satisfeitos?"." Segundo ele, a diretoria não respondeu à pergunta.
"Mas só saio se me derrubarem."
Os funcionários que pediram
demissão são o diretor-executivo
da Bienal, Marcos Weinstock, e o
diretor-superintendente, Carlos
Wendel de Magalhães.
A reunião aconteceu numa sala
da agência de publicidade
McCann-Erickson, cujo presidente, Jens Olensen, é vice-presidente da Bienal.
Participaram também a outra
vice-presidente da entidade, Milu
Villela, o presidente do Conselho
de Administração da Bienal, Luiz
Seraphico de Assis Carvalho, e
ainda o vice-presidente da agência, Altino de Barros.
Marcos Weinstock, na Bienal
desde 1996, entregou sua carta de
demissão há 12 dias. "Não quero
estar associado a esse tipo de gestão", diz Weinstock.
"Durante todo o ano passado,
quando fizemos a 4ª Bienal de Arquitetura, Bratke não conseguiu
levantar um único centavo. Também não representou a fundação
como deveria fazer um presidente", afirma Weinstock.
Bratke nega as acusações. Diz
que intermediou negociações de
patrocínios e que representou a
entidade sempre que necessário.
"Acusaram-me também de trabalhar de tênis e sem gravata?",
brincou. "Para mim, isso é dor-de-cotovelo. Teremos a primeira
bienal do milênio junto com o
cinquentenário das bienais", lembra o presidente, que afirma já ter
conseguido apoio de ministérios
e da Prefeitura de São Paulo para
a 25ª Bienal de Artes, que acontece na cidade em 2001.
O Conselho de Administração
da Fundação Bienal de São Paulo,
que elegeu Carlos Bratke há um
ano, deve fazer sua reunião semestral em março.
Na pauta, estão as avaliações da
4ª Bienal de Arquitetura, encerrada em 6 de fevereiro, e o início da
Mostra do Redescobrimento, que
abre em 24 de abril.
"A reunião que eu tenho pensado é de avaliação e de prestação de
contas. Coincide com isso uma situação um pouco delicada e desagradável que pode ou não ser levada para a discussão", diz o presidente do conselho, Luiz Seraphico de Assis Carvalho.
Na teoria, o atual presidente pode ser derrubado na reunião do
conselho. "É preciso que 31 dos 60
conselheiros votem, mas não estamos levando essa hipótese em
consideração", diz Seraphico.
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