São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000


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POLÊMICA
Presidente da entidade diz que só sai se for derrubado
Demissão de dois executivos estremece Fundação Bienal

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

O pedido de demissão de dois executivos da Fundação Bienal de São Paulo está causando atritos entre o presidente da entidade, o arquiteto Carlos Bratke, e sua diretoria.
Na segunda-feira, a diretoria se reuniu com Bratke para tratar do assunto. "Fizeram algumas críticas e me pressionaram. Queriam readmitir um dos funcionários", afirmou o presidente, que não cedeu aos pedidos.
Durante a reunião, Bratke chegou a falar na própria demissão. "Eu disse: "Em último caso, se eu pedir demissão, vocês ficariam satisfeitos?"." Segundo ele, a diretoria não respondeu à pergunta. "Mas só saio se me derrubarem."
Os funcionários que pediram demissão são o diretor-executivo da Bienal, Marcos Weinstock, e o diretor-superintendente, Carlos Wendel de Magalhães.
A reunião aconteceu numa sala da agência de publicidade McCann-Erickson, cujo presidente, Jens Olensen, é vice-presidente da Bienal.
Participaram também a outra vice-presidente da entidade, Milu Villela, o presidente do Conselho de Administração da Bienal, Luiz Seraphico de Assis Carvalho, e ainda o vice-presidente da agência, Altino de Barros.
Marcos Weinstock, na Bienal desde 1996, entregou sua carta de demissão há 12 dias. "Não quero estar associado a esse tipo de gestão", diz Weinstock.
"Durante todo o ano passado, quando fizemos a 4ª Bienal de Arquitetura, Bratke não conseguiu levantar um único centavo. Também não representou a fundação como deveria fazer um presidente", afirma Weinstock.
Bratke nega as acusações. Diz que intermediou negociações de patrocínios e que representou a entidade sempre que necessário.
"Acusaram-me também de trabalhar de tênis e sem gravata?", brincou. "Para mim, isso é dor-de-cotovelo. Teremos a primeira bienal do milênio junto com o cinquentenário das bienais", lembra o presidente, que afirma já ter conseguido apoio de ministérios e da Prefeitura de São Paulo para a 25ª Bienal de Artes, que acontece na cidade em 2001.
O Conselho de Administração da Fundação Bienal de São Paulo, que elegeu Carlos Bratke há um ano, deve fazer sua reunião semestral em março.
Na pauta, estão as avaliações da 4ª Bienal de Arquitetura, encerrada em 6 de fevereiro, e o início da Mostra do Redescobrimento, que abre em 24 de abril.
"A reunião que eu tenho pensado é de avaliação e de prestação de contas. Coincide com isso uma situação um pouco delicada e desagradável que pode ou não ser levada para a discussão", diz o presidente do conselho, Luiz Seraphico de Assis Carvalho.
Na teoria, o atual presidente pode ser derrubado na reunião do conselho. "É preciso que 31 dos 60 conselheiros votem, mas não estamos levando essa hipótese em consideração", diz Seraphico.


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