São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000


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MODA
Missoni, Emporio Armani e Ana Molinari, entre outros, desfilaram seu outono-inverno em Milão
Nova ordem é voltar a se produzir

ERIKA PALOMINO
Enviada especial a Milão


Sedução adulta. A expressão, usada pela Blumarine, serve de emblema para o momento do outono-inverno de Milão. A cidade faz até domingo os lançamentos de prêt-à-porter para a estação e a temporada prosseguirá em Paris, por mais uma semana.
O chamado "new chic", tendência que revê elementos da elegância clássica, "envelheceu" um pouco a moda, deixando-a mais séria. O desafio é transitar em todas as áreas mantendo o frescor.
"A questão agora é se produzir", disse Tom Ford, estilista da Gucci, no "International Herald Tribune" de ontem. Todas (segundo a moda de Milão) querem parecer ricas e bem-cuidadas -e seduzir.
A Missoni deu muitos passos à frente, de novo. Ao som incessante do novo trabalho do grupo Underworld, a marca de Angela Missoni deitou e rolou no bom momento das padronagens gráficas -característica que fez a fama da grife-, em excelente trabalho de criação e edição de moda.
A inglesa Jacquetta, de novo, foi a primeira modelo, num vestido acima do joelho, misturando brilho e opaco na estampa em ziguezague rosa, vinho e vermelho.
Bem menos literal e previsível que em outras estações, a Missoni vai desde a calça de paetês formando listras vermelhas com a blusa camelo e também vermelho, irregular, até os conjuntos "sérios", de jacquard dourado.
A ironia é exercício saudável,desdobrada em absurdos leggings dourados, de lurex. O momento optical vem quase lisérgico, com cetim em vestidos e tailleurs de saia evasê (que vão abrindo embaixo), com fendas frontais.
Mais luxúria, com elegância digna de Louis Vuitton, em tons pastéis, até o final, com longos vestidos fluidos de estampa e material tipo cristal.
Anna Molinari mostrou colegiais em clima de mudança, mantendo sapatos pretos de escola e meias pretas, num guarda-roupa em clima de romantismo e rebeldia. Os melhores looks foram os vestidos de babados, pelo meio da perna, de musseline preta, perto do corpo, com alças de camisola.
Liberdade, independência e "nonchalance" são as palavras de ordem do Emporio Armani, que propõe "contradições harmoniosas" no caminho de um look individualizado e contemporâneo.
Ao som de uma versão moderninha, se é que isso é possível, de "Besame Mucho", meninas de cabelo calculadamente desgrenhado mostraram uma primeira entrada em tons de verde escuro, variando sobre o veludo molhado, a lã, o couro e a pele, às vezes numa só peça. A silhueta é alongada, jovem e glamourosa.
Pences, feito amarrações, atrás dão acabamento aos casacos ou corselets de couro, usados sobre vestido assimétrico e curto em georgette preto, com mangas e alcinhas ao mesmo tempo.
Ruffo Research, a companhia de couro, segue sua linha de criadores convidados com a dupla de holandeses da A.F. Vandevorst. Babados e calças-culottes de couro marcaram o desfile sempre de cunho conceitual da marca.
Também em padrão Vuitton acertou mais Alessandro dell'Acqua, como nos conjuntos de terninho de estampas de tijolinhos, ou no tailleur estruturado, branco, com saia abaixo do joelho, em Caroline Ribeiro (o desfile estava coalhado de brasileiras, incluindo Jeísa, que sofreu e ficou praticamente com o seio de fora, com o decote de babados de uma blusa).
Maurizio Pecoraro, mais experimental, exercitou seu talento em bordados e no veludo, trabalhado aqui como se fosse pele (em alta total). Ele está cotado para assumir linha da maison Valentino.


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