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O VENCEDOR
Caetano Veloso prefere
"Oscar" brasileiro a Grammy
LUIZ ANTONIO DEL TEDESCO
Editor-assistente da Ilustrada
Poucas horas após saber que
havia vencido o Grammy na categoria world music, Caetano Veloso deixou bem claro que o prêmio
para ele não tinha importância.
Pelo menos não tanta importância quanto o que recebeu na festa
do Grande Prêmio Cinema Brasileiro, pela trilha sonora do filme
"Orfeu".
Caetano soube que era o vencedor por intermédio de sua mulher, Paula Lavigne, que estava no
Rio. Ele estava em Salvador, no
Pelourinho, participando de uma
leitura de poemas de sua irmã
Mabel, na Casa do Tecelão, loja
que pertence ao irmão Rodrigo e
onde às quartas acontece uma espécie de sarau literário-culinário.
"Está tudo muito bom", disse
Caetano, ao atender a reportagem
da Folha, por volta de 2h de ontem. "Minha irmã estava lendo
seus poemas e a gente comia uma
moqueca de maté (espécie de marisco comum na baía de Todos os
Santos), um prato do Recôncavo
Baiano", explicou.
No meio da festa, Caetano recebeu a ligação de Paula. "Paulinha
disse que o Grammy era do "Livro", mas eu fiquei calado e continuei na festa sem contar a ninguém".
Logo depois alguém soube da
premiação do CD e "aí começaram a me dar os cumprimentos",
disse. "Já que você é da Folha e me
ligou para saber do Grammy, eu
aproveito para falar do Quitandinha (em referência ao hotel em
Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde ocorreu a festa do Grande Prêmio Cinema Brasileiro, no dia 12
deste mês), e quero ver se você é
homem para publicar."
"Festa maravilhosa"
Continuou: "A posição da Folha, do "Jornal do Brasil" e do "Globo" foi ridícula, vocês pagaram o
maior mico. Só o "Estado de S.
Paulo" mereceu respeito naquele
episódio. Só o "Estadão" foi coerente e honesto", afirmou.
Não parou por aí. "Todos que
estavam lá, a Fernanda Montenegro, o Cacá Diegues (diretor de
"Orfeu"), todos acharam a festa
maravilhosa."
"Essa imprensa ridícula quis diminuir a festa em que eu ganhei o
prêmio por "Orfeu". O que foi posto nos três jornais foi ridículo."
Sobre o Grammy recebido por
"Livro", Caetano disse que o
"grande premiado de fato foi Jaques Morelenbaum, que produziu o CD comigo".
Para arrematar, o compositor
reiterou: "O prêmio do cinema foi
muito mais importante para
mim. Vocês usam a palavra "tupiniquim" como se fosse pejorativa.
"Tupiniquim" não é pejorativo. O
Brasil é bom, e vocês não vão me
convencer do contrário".
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