São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000


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O VENCEDOR
Caetano Veloso prefere "Oscar" brasileiro a Grammy

LUIZ ANTONIO DEL TEDESCO
Editor-assistente da Ilustrada

Poucas horas após saber que havia vencido o Grammy na categoria world music, Caetano Veloso deixou bem claro que o prêmio para ele não tinha importância. Pelo menos não tanta importância quanto o que recebeu na festa do Grande Prêmio Cinema Brasileiro, pela trilha sonora do filme "Orfeu".
Caetano soube que era o vencedor por intermédio de sua mulher, Paula Lavigne, que estava no Rio. Ele estava em Salvador, no Pelourinho, participando de uma leitura de poemas de sua irmã Mabel, na Casa do Tecelão, loja que pertence ao irmão Rodrigo e onde às quartas acontece uma espécie de sarau literário-culinário.
"Está tudo muito bom", disse Caetano, ao atender a reportagem da Folha, por volta de 2h de ontem. "Minha irmã estava lendo seus poemas e a gente comia uma moqueca de maté (espécie de marisco comum na baía de Todos os Santos), um prato do Recôncavo Baiano", explicou.
No meio da festa, Caetano recebeu a ligação de Paula. "Paulinha disse que o Grammy era do "Livro", mas eu fiquei calado e continuei na festa sem contar a ninguém".
Logo depois alguém soube da premiação do CD e "aí começaram a me dar os cumprimentos", disse. "Já que você é da Folha e me ligou para saber do Grammy, eu aproveito para falar do Quitandinha (em referência ao hotel em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde ocorreu a festa do Grande Prêmio Cinema Brasileiro, no dia 12 deste mês), e quero ver se você é homem para publicar."

"Festa maravilhosa"
Continuou: "A posição da Folha, do "Jornal do Brasil" e do "Globo" foi ridícula, vocês pagaram o maior mico. Só o "Estado de S. Paulo" mereceu respeito naquele episódio. Só o "Estadão" foi coerente e honesto", afirmou.
Não parou por aí. "Todos que estavam lá, a Fernanda Montenegro, o Cacá Diegues (diretor de "Orfeu"), todos acharam a festa maravilhosa."
"Essa imprensa ridícula quis diminuir a festa em que eu ganhei o prêmio por "Orfeu". O que foi posto nos três jornais foi ridículo."
Sobre o Grammy recebido por "Livro", Caetano disse que o "grande premiado de fato foi Jaques Morelenbaum, que produziu o CD comigo".
Para arrematar, o compositor reiterou: "O prêmio do cinema foi muito mais importante para mim. Vocês usam a palavra "tupiniquim" como se fosse pejorativa. "Tupiniquim" não é pejorativo. O Brasil é bom, e vocês não vão me convencer do contrário".


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