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O FILHO DE SAM
Assassino lamenta filme de Lee
das agências internacionais
David Berkowitz, o "serial
killer" cuja trajetória sangrenta é o tema central de
"Verão de Sam", disse estar
muito triste com o fato de o
diretor Spike Lee ter realizado o filme. Berkowitz, hoje
com 46 anos de idade e recentemente convertido ao
cristianismo, cumpre várias
prisões perpétuas consecutivas pelos assassinatos cometidos em 1977.
"Lamento muito que este
filme tenha sido feito", disse
Berkowitz ao jornal "The
New York Times", em junho
do ano passado. "Fiquei
muito triste, porque parece
que essa dor não acaba nunca. Estou decepcionado com
Hollywood e com a companhia Walt Disney", disse.
O assassino ficou conhecido na época como "filho de
Sam". Ganhou esse nome
pois disse ter cometido os
assassinatos a mando de um
cachorro chamado Sam.
Berkowitz disse ainda que
rezava por Spike Lee e por
sua família, mas o cineasta
tomou essas palavras como
uma ameaça velada. "Rezo
por Spike Lee e sua família:
sua mulher, Tonya, e seus filhos, Jackson e Satchel. Deus
não quer que eu fique revoltado com ninguém", disse o
condenado. Lee encarou as
declarações como uma
ameaça velada.
Posteriormente, em entrevista a Larry King, na CNN,
o assassino disse que suas
palavras foram incorretamente reproduzidas: "Não
monitorei nada sobre sua família, rezo por ela, não tenho absolutamente nada
contra Lee e nunca disse nada de ruim a seu respeito.
Rezo para que Deus o abençoe em todas as áreas de sua
vida".
O jornal nova-iorquino
ouviu também alguns familiares das vítimas. O mecânico aposentado Michael Lauria, 67, cuja filha Donna foi a
primeira vítima fatal de Berkowitz, aos 18 anos de idade,
disse que Lee não tinha compaixão e que estava ganhando dinheiro com a dor dos
outros. "Em primeiro lugar,
Spike Lee acha que assassinato é entretenimento, e não
é. Ele está obrigando as famílias a reviver tudo aquilo.
Está ganhando dinheiro
com a minha dor e de minha
família. Ele não tem compaixão. Deveriam ter procurado as famílias e pedido sua
autorização. Walt Disney
deve estar se virando em seu
caixão", disse Lauria.
Spike Lee se manifestou a
respeito desse assunto no último festival de Cannes,
quando disse: "Sinto profundamente pelos pais das
vítimas do filho de Sam. Ao
mesmo tempo, sou um artista, e esta é uma história que
eu quis contar. Mesmo que
eu não tivesse feito o filme,
nada traria de volta suas filhas, seus entes queridos.
Eles foram mortos por um
psicopata. Para nós, o filme
não glorifica a figura de David Berkowitz", disse. Os crimes de Berkowitz pontuam
um dos verões mais quentes
e abafados que Nova York
presenciou. Aos crimes de
Berkowitz, ao sol abrasador
e à cidade aterrorizada e impotente, Lee acrescentou características mais amenas
daqueles dias, como o auge
da era disco, a revolução sexual e partidas de beisebol.
"Verão de Sam" recebeu
críticas negativas de veículos
como a revista "Advocate",
que criticou o filme pelo retrato que faz dos homossexuais. "Infelizmente, Spike
Lee parece esquecer sua
mensagem de tolerância
quando se trata dos gays",
escreveu Howard Feinstein.
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