São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

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Londres é logo ali

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

A música independente brasileira, quem diria, finca bandeira em Londres, o sonho máximo da música independente de qualquer lugar do mundo.
Saiba agora o que está acontecendo com o grupo indie Wry, de Sorocaba, com o Cachorro Grande, de Porto Alegre, e com Seu Jorge. Seu Jorge?
Banda conhecida do circuito alternativo paulista, o Wry abandonou Sorocaba por volta de 2002 e foi cair em Londres, de guitarra e cuia. Seus integrantes, desde então, passaram a dividir o tempo entre empregos chatos durante o dia e mergulhos na "cena" à noite.
E o Wry, uma banda brasileira que havia pouco estava no interior de São Paulo, se encontra agora no meio do furacão do novíssimo rock inglês, bem sujo, bem de rua, bem underground.
Desde o ano passado, o Wry está na cola de duas bandas amigas, Subways e The Rakes, que já tocam em rádio grande e estão no importante circuito de festivais.
Com os Rakes, o Wry já fez shows e tocou em pequenos festivais. Com o empresário dos Subways, Ben Kirby, o vocalista Mário Bross comanda a noite Goonite, às quartas-feiras, no Buffalo Bar, no movimentado bairro de Islington.
Tem bandas da cena tocando ao vivo, e Mário manda na pista indie rock e punk pop, segundo sua descrição. Kelle Okereke, do Bloc Party, e os caras do Franz Ferdinand e Darkness freqüentam o Buffalo Bar.
Agora em março, o Wry finaliza novo álbum. Um single da banda, "Come and Fall", pode ser achado na famosa loja da Rough Trade.
Enquanto o Wry come pelas beiradas, o grupo gaúcho Cachorro Grande se instala direto no lendário Abbey Road, o estúdio mais famoso do mundo (famoso por causa daquela "outra" banda lá).
A emergente gravadora Deckdisc bancou a ida dos Cachorros para Londres, para a masterização do novo disco, "Pista Livre" , masterização essa pilotada pelo engenheiro de som Chris Blair, que até trabalhou no "Kid A", álbum campeão da megabanda Radiohead.
"Pista Simples", um álbum perfumado de Beatles, tem lançamento previsto para maio.

Bowie em português
E tem o Seu Jorge, que volta ao Brasil depois de fazer curvar os europeus diante de sua musicalidade gingada. O badalado DJ Zane Lowe, da Radio One inglesa, me disse em troca de e-mails que foi a um "espetacular" show do Seu Jorge.
A chamada para a seção de lançamentos de discos do caderno de música do jornal "The Observer" era assim: "Os novos do Queens of the Stone Age, Beck e do "brilliant" Seu Jorge". Gringos....
Seu Jorge andou zoando umas músicas do David Bowie, para um filme hollywoodiano, o "The Life Aquatic with Steve Zissou". A fantástica "Rebel Rebel" virou uma bossa nova esquálida cuja letra sofreu uma transformação brasileiro-adaptativa. Na parte tal, a do refrão, a letra ficou assim: "Zero a zero, "gora eu vou/ Você deu mole, então eu marco gol/ Zero a zero, você venceu/ Passe amanhã e pegue o que é seu...".
É claramente uma briga amorosa de um fulano "contra" uma fulana. E, seguindo o raciocínio da letra, o fulano marca o gol, mas está zero a zero, mas quem vence é a Fulana.
Outro clássico de Bowie que Seu George estr... mexeu foi "Ziggy Stardust". A letra ficou assim: "Ziggy, eu sei pintar/ Eu não vi o seu filme/ Não sou de jogar/ Não bebo em péééééééé". Gênio.


@ - lucio@uol.com.br

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