São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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BIA ABRAMO

Abusada, Monique Evans salva Rede TV!


Monique é das antigas e trata os entrevistados com intimidade e irreverência

E VIVA a falta de senso de noção de Monique Evans! Carnaval sem suas apalpadelas por cima de sutiãs de biquíni e por baixo de saiotes diminutos de travestis, transgêneros, transexuais e outras modalidades sexuais que pululam na entrada do Baile Gay (antigo Gala Gay) não é Carnaval.
Foi, digamos, o que se salvou da tentativa capenga da Rede TV! de fazer uma "grande" cobertura a partir dos bastidores. Saiu o anárquico pessoal do "Pânico na TV!", entrou um verniz de profissionalismo e a ajuda de colaboradores "insiders" (como a drag queen Léo Áquila), mas não adiantou muito.
O grande trunfo da emissora, a sempre interessante entrada do baile do Scala na terça-feira de Carnaval, transformou-se numa mixórdia de entrevistas repetidas (às vezes, mais de uma vez), falta de timing e farpas trocadas no ar pelas duas estrelas da cobertura, Evans e Áquila.
Monique é das antigas -abusada, détraquée, indisciplinada- e trata seus entrevistados com intimidade e irreverência no limite do invasivo. Léo é politicamente correta e obediente, embora tenha uma certa verve para conduzir entrevistas com seus pares. Um absurdo casal formado por um mexicano de mentira e uma peituda ainda mais falsa, mais um repórter, uhn, normal também estavam no jogo e disputavam mais ou menos os mesmos personagens.
No estúdio, Nelson Rubens "ancorava" a mixórdia e chamava o queridinho da emissora, Ronaldo Ésper, para comentar, por assim dizer, as fantasias. Basicamente, era muita gente para um assunto que é sempre o mesmo -é verdadeiro ou falso? O que se revela e o que se esconde? Onde começa e onde acaba?
E, justamente por isso, Monique, debochada, mas, por alguma razão, extremamente empática com seus entrevistados, é quem toca, literalmente, melhor no tema.

 

Uma (última) palavra sobre "Páginas da Vida": às vésperas do final, uma eficiente assessoria de imprensa informa que: a) um novo personagem infantil entra na novela; b) um outro personagem morre num ataque a um ônibus, "inspirado" por episódios semelhantes ocorridos recentemente no Rio; c) a novela foi o programa mais visto em fevereiro.
Duas conclusões emergem desse conjunto de fatos: que a narrativa da novela, por si só, mostrou-se incapaz de criar expectativa (do tipo quem vai ficar com quem, quem matou quem, qual é a punição para o mau etc.) e que, apesar desse afrouxamento geral de qualidade, a novelona das oito que passa às nove é bom negócio para os anunciantes.
Sinal de que a Globo não vai mexer na fórmula tão cedo.


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