São Paulo, quarta, 25 de março de 1998

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NETVOX
O cartório da Web

MARIA ERCILIA
do Universo Online

O Comitê Gestor da Internet, na falta de problemas para resolver, anda se concentrando com força total na criação de regras e mais regras para o registro de domínios no Brasil.
Uma das providências recentes do comitê foi reformar o sistema de cadastro, facilitando a vida de todo mundo. Agora é possível pesquisar a existência de domínios e fazer cadastramentos on line (registro.fapesp.br).
Também foi ampliado o número de domínios que podem ser registrados em cada CGC para dez (antes era um...). Afrouxou um pouquinho a camisa-de-força. Em muitos países, o registro de um domínio simplesmente não está vinculado a números e documentos.
Outra invenção do CG foram as terminações exclusivas do Brasil, como .art, .esp, .ind, .inf, .psi, .rec, .tmp (psi não é psicólogo, é "provedor de serviços Internet").
Como é possível ver na página de registros da Fapesp, (registro.fapesp.br/estatisticas.html) algumas pessoas já estão cadastrando domínios com as terminações.
Essa lista de sufixos novos pelo menos tem começo, meio e fim. Porque a última novidade do CG não tem: ficam proibidos os "nomes genéricos" -por genérica que seja essa definição (de acordo com reportagem da "Info Exame": http://www2.uol.com.br/info/infonews/200398b.html).
O comitê entende que domínios como noticias.com.br, tv.com.br, brasil.com.br ou até amor.com.br e agua.com.br não devem ser registrados (aliás, esses já o foram, antes dessa regra surgir -assim como papel.com.br, carro.com.br, dinheiro.com.br e todos em que consegui pensar (veja uma lista em www.uol.com.br/internet/netvox/lista.htm).
Essa restrição dá um ar de cartório a um serviço que devia ser simples e o mais desburocratizado possível. Palavras não são um recurso ilimitado -não ajuda nada cortar a maioria dos substantivos comuns do universo de possibilidades. Domínio não é sinônimo de marca -pessoas registram domínios para páginas pessoais, publicações independentes, para colocar fotos da família na Internet. Não é preciso fazer regras tão rigorosas.
Imagine se daqui a algum tempo o serviço de registro é privatizado e a empresa que o gerencia resolve liberar os "nomes genéricos" -mas cobrando o dobro, o triplo ou dez vezes mais por nomes cobiçados como praias.com.br e litoral.com.br (que, novamente, já existem).
Essa história de domínios parece uma questão menor agora, mas em poucos anos os nomes óbvios vão estar registrados, e a venda de palavras vai virar um negócio sério.
Tonga
Nos EUA, onde o dicionário já foi praticamente loteado, começa a acontecer uma colonização de domínios alheios.
Cada país tem direito a uma sigla identificadora. Países pequenos, com pouca demanda de registros, estão vendendo domínios aos norte-americanos, ao mesmo preço da empresa de registro norte-americana ou até mais barato (pessoas de qualquer país podem comprar esses domínios).
Foi o que fez o pequeno reino de Tonga. Assim, se já existem os domínios news.com e tv.com (nos EUA, os "nomes genéricos" não são proibidos), qualquer um pode registrar news.to e tv.to, por exemplo (veja o sistema de registro em www.tonic.to).
Outra remota ilha do Pacífico Sul também está loteando terrenos na Internet. É Niue (.nu), que tem apenas 2.000 habitantes (http://www.nunames.nu/). Em Niue, os nomes são uma barganha: R$ 25. Quem quiser um nome genérico em português pode registrar, por exemplo, noticias.nu -que, aliás, já foi comprado...


E-mail: netvox@uol.com.br


O MISTÉRIO DE INDIGO

O webmaster hd mabuse acaba de pôr no ar o site de indigo (www.jimihendrix.net/indigo). São, por enquanto, três textos curtos de ficção: "Victoria", uma brincadeira num portunhol vertiginoso, "Violet", uma tarde de descobertas num hospital inglês, e "Conflitos Internos", uma página com ar de diário de adolescente.
Os dois primeiros são belas surpresas -com alguns errinhos de revisão.
A moça misteriosa mandou os minicontos para mabuse pelo endereço indigo@hotmail.com, assim, em letras minúsculas e anônimas.
"Indigo viu meu site e perguntou se eu faria um para os seus escritos", diz mabuse. "Continuo sem saber nada sobre ela."
Ao fim de tudo, um formulário tímido convida quem quiser a mandar sua opinião.



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