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CINEMA
Poucos longas-metragens da nova safra aproximam-se do perfil ideal para postular um prêmio da Academia
Oscar 2000 é sonho distante para o país
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
O público e a mídia movidos a
Oscar podem tirar o cavalinho da
chuva: dificilmente o Brasil terá na
próxima temporada um novo candidato com tantas chances quanto
"Central do Brasil" tinha nesta.
A produtora Sara Silveira resume
bem a situação: "Não vai ser fácil
repetir a alquimia de "Central': um
filme bom, com uma história de
interesse universal, uma atriz extraordinária, um produtor internacional de peso e uma grande distribuidora americana".
O filme mais competitivo da nova safra talvez seja "Orfeu", de Cacá Diegues, que estréia nacionalmente dia 23 de abril.
Além trazer um tema de grande
apelo -o mito de Orfeu transposto para a favela carioca, no Carnaval-, conta com um diretor de
prestígio internacional, uma grande produtora (a Globo) e uma
grande distribuidora (a Warner).
É a segunda adaptação cinematográfica da peça "Orfeu da Conceição", de Vinícius de Moraes. A
primeira, "Orfeu do Carnaval", dirigida pelo francês Marcel Camus,
ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 1959.
Outras grandes produções em fase de finalização certamente vão
postular um lugar entre os concorrentes: "Chatô", de Guilherme
Fontes e Murilo Salles, "Mauá", de
Sérgio Rezende, "Villa-Lobos", de
Zelito Vianna, "O Xangô de Baker
Street", de Miguel Faria.
Os três primeiros são cinebiografias de grandes figuras da vida brasileira que talvez digam pouco ao
público norte-americano.
Já "Xangô" (a julgar pelo livro de
Jô Soares em que se baseou) é uma
farsa demasiado ligeira para agradar a Academia.
Uma incógnita, em termos de
potencial internacional, é o novo
filme de Ruy Guerra, "Estorvo",
rodado em Cuba e baseado no livro homônimo de Chico Buarque.
Há ainda "Memórias Póstumas",
a adaptação do romance "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de
Machado de Assis, por André
Klotzel, que pode se beneficiar do
crescente interesse pela obra do escritor brasileiro nos Estados Unidos e na Europa.
Por enquanto, o Oscar 2000 é
uma miragem. Cabe lembrar que
entre 1963, quando concorreu a
melhor filme estrangeiro com "O
Pagador de Promessas", e 1985,
quando disputou melhor filme, diretor, ator e roteiro com a co-produção "O Beijo da Mulher Aranha", o cinema brasileiro viveu sua
melhor fase, longe do Oscar.
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