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TEATRO
Gerald Thomas acusa organizadores de amadorismo; Antunes Filho diz esperar por resposta há um mês e meio
"Figurões" criticam festival de Curitiba
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
A ausência dos três maiores diretores do teatro brasileiro no Festival de Curitiba deste ano está causando polêmica.
É a primeira vez, em suas oito
edições, que Curitiba não recebe
nem Gerald Thomas, nem Antunes Filho, nem Zé Celso. Ouvidos
pela Folha, os três não pouparam
críticas ao festival.
Gerald Thomas considera a organização do evento amadora.
"Tudo é na última hora. A comunicação é falha. Fazem pouco caso,
nada tem contrato. Tudo é absolutamente amador", diz o diretor.
"Dessa vez, me ofereceram US$
35 mil. É pouco para uma estréia
mundial, com cenários, salários
etc. Mas, por vontade de trabalhar
no Brasil, aceitei. De repente, me
ligam dizendo que continua 35
mil, só que em reais, não mais em
dólares. Tive que dispensá-los.
O pior é que, como precisam da
minha presença para atrair a imprensa e deixar o festival mais colorido, ficam divulgando que eu
estarei lá antes de estar acertado. Já
estão capitalizando em cima da
minha ausência."
Se fosse, Thomas estrearia "Seis
Autores em Busca de um Personagem". "Em 96, estreei "Nowhere
Man". Depois, foi "Os Reis do Iê-Iê-Iê". No ano passado, já não fui,
também por completa desorganização do festival", diz.
O diretor Antunes Filho afirma
que, após contatado, não teve resposta. "Não tiveram a gentileza de
me telefonar", diz.
"Eles queriam "As Troianas". Mas
esse é um espetáculo do Sesc, que
eu tenho que estrear no Sesc. Ofereci "Prêt-À-Porter", eles disseram
que dariam a resposta em uma semana. Já se passou um mês e meio
e ainda estou esperando."
Antunes diz que não vai perdoar
o tratamento recebido: "Aquele
pessoal é grosso. É uma molecagem o que estão fazendo. Quem semeia vento, colhe tempestade. Da
próxima vez que me pedirem algo
digo que respondo em uma semana, mas vou demorar um ano".
Já Zé Celso afirma que propôs levar "Cacilda!". "Eles não aceitaram
por razões econômicas. Isso já tinha acontecido com outras peças.
Nem chegamos a negociar", diz.
"Mas gostaria de dizer que, num
momento de crise como esse, o
teatro deveria ser apoiado. A cultura fiscal é um fiasco. Pela lógica
do Brasil, "Cacilda!" não deveria
existir", diz o diretor, se referindo
ao fato de manter a peça apenas
com dinheiro da bilheteria.
"Mas o que resiste ao extermínio
cultural do país deveria ser apoiado. O teatro tem coisas a dizer para
a sociedade em um momento como esse. Acho que o festival deveria tomar uma postura política perante esse esforço. O Festival de
Curitiba é simpático, mas é apenas
uma mostra, não há debate. Há
uma solidão muito grande nesse
não-apoio."
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