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LEI DO AUDIOVISUAL
Tabela de custos, com preços máximo e mínimo para a execução de filmes, deve sair em maio
MinC limita orçamento de produções
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
Produtores candidatos à Lei do
Audiovisual -que concede isenção de até 3% do Imposto de Renda às empresas que investirem em
projetos audiovisuais- terão que
enquadrar o orçamento dos seus
filmes em um padrão de preços,
antes inexistente.
O Ministério da Cultura já tem
pronto um estudo com o custo dos
itens que geralmente constam do
orçamento de uma produção audiovisual.
Com base em uma ampla pesquisa de mercado, a Secretaria do
Audiovisual desenvolveu um programa de computador com os limites máximo e mínimo dos custos das produções.
"Temos os preços mínimo e
máximo admitidos para todos os
serviços. Os orçamentos terão que
se encaixar nesses intervalos", informou Moacir de Oliveira, secretário do Departamento do Audiovisual.
Questionado se a medida visava
coibir superfaturamentos, o secretário disse que "não há preocupação moral nesse sentido, mas no
de ter um padrão".
"O que se quer é aprimorar e fazer um bom uso da lei. O modelo
de orçamento será compatível
com a prestação de contas", afirmou. Hoje em dia os projetos não
sofrem nenhuma auditoria externa.
O novo modelo de custos e as
duas novas portarias que o Ministério da Cultura deverá baixar em
meados de maio, como antecipou
a Folha na edição de quinta-feira
passada, vão tornar mais claro o
uso da Lei do Audiovisual -o mecanismo que vem garantindo recursos para grande parte das produções dessa fase do renascimento
do cinema nacional.
O custo dos filmes vem aumentando, segundo Oliveira, como
consequência da atualização tecnológica e da necessidade de as
produções alcançarem repercussão no mercado internacional.
"É uma economia subsidiada
em vários países do mundo", diz
Oliveira. Ele tem razão. Os mecanismos de subsídio do cinema
brasileiro nem se comparam aos
usados na França, onde o apoio do
governo tem garantido, entre outras vantagens, pelo menos 37%
das salas de exibição para os filmes
franceses, segundo Denis Delbourg, cônsul-geral da França no
Rio. No Brasil, a produção nacional não fica com mais de 5% das
salas, de acordo com a Secretaria
do Audiovisual.
A indústria cinematográfica da
França "sobreviveria sem os subsídios", diz Delbourg.
O Ministério da Cultura está preparando também medidas que vão
estabelecer o prazo de 18 meses
para a conclusão dos projetos beneficiados pela isenção fiscal e determinar que as cotas de participação nesses filmes só possam ser
negociadas depois que houver um
contrato de distribuição.
Hoje, não há prazo para a conclusão dos projetos e, mesmo que
o filme ainda não seja distribuído,
suas cotas podem ser vendidas entre investidores.
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