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Sou o melhor do romance policial, diz Ellroy
MARCELO REZENDE
especial para a Folha
O romancista norte-americano
James Ellroy, 48, tornou-se um
"autor popular" graças ao cinema, com a adaptação para as telas
de "Los Angeles - Cidade Proibida", uma de suas principais
obras.
O filme foi criticamente aclamado. E parte da atenção se dirigiu
aos diálogos e situações criados
por Ellroy, que antes da literatura
já foi um vagabundo e viciado, figura constante e solitária na paisagem da Califórnia.
Segundo ele mesmo, em entrevista por telefone à Folha, tanto
sua literatura quanto seu destino
estão associados a uma tragédia
ocorrida na infância: o assassinato
de sua mãe.
Agora, a editora Record está lançando no Brasil "Tablóide Americano", mais uma investida de Ellroy no submundo de seu país.
Leia abaixo trechos da entrevista.
Folha - O sr. é tido como um inovador do gênero policial nos EUA.
O que aconteceu dos clássicos do
gênero -como Raymond Chandler- até seu trabalho?
James Ellroy - Eu não sei. Há
muito, muito tempo que não leio
livros de Raymond Chandler. Só
posso falar sobre meu próprio trabalho. Eu não leio outros autores
de romances policiais.
Folha - Por quê?
Ellroy - Porque eu sou o melhor
em atividade. Só leio meus próprios livros. Tornei-me o melhor
graças à minha aplicação. Trabalho árduo, você sabe. Mergulhando de maneira intensa em minhas
próprias experiências, nos traumas que carrego comigo.
Folha - O sr. não escreve apenas
sobre crimes, mas também sobre a
história recente dos EUA.
Ellroy - Acho que é isso. O que
venho tentando fazer é reescrever
a história dos EUA e de Los Angeles, a minha cidade. E acho que venho me dando bem com a tarefa.
Tenho a vontade, a curiosidade, de
escrever sobre a minha história,
que se passou nesses lugares. Minha mãe foi assassinada quando eu
tinha 10 anos.
Foi isso que me fez ficar interessado em crimes e mistério, e também na história social dos EUA
dos anos 50. Eu vivo lá. Em vários
sentidos. Vivi em Los Angeles por
16 anos. Eu não gosto da cidade.
Não particularmente.
Eu gosto de recriar a cidade, especialmente nos anos 50. A década
em que minha mãe morreu, e eu
descobri o crime. Isso justifica
meu interesse. Não quero saber da
LA de hoje.
Folha - Nem o mito da máfia para
o cenário cultural norte-americano
lhe interessa?
Ellroy - O crime organizado
aparece no meu romance "Tablóide Americano", mas isso não
me interessa muito.
Folha - A morte de sua mãe é o
grande tema? No ano passado o sr.
lançou um livro sobre ela: "My
Dark Places".
Ellroy - O livro foi uma das
maiores experiências de toda a minha vida. Eu realmente investiguei
o assassinato de minha mãe. Eu
não descobri quem a matou, mas
descobri muito sobre ela. Acho
que foi o maior trabalho que já
produzi. E sei também que logo
que o terminei precisei voltar rapidamente para a ficção.
Folha - Depois do sucesso de "Los
Angeles - Cidade Proibida", o sr.
pretende trabalhar para o cinema
escrevendo roteiros?
Ellroy - Eu acho que o filme é
maravilhoso, uma excelente adaptação de meu livro, mas não pretendo escrever nada especialmente
para o cinema. Eu sou um autor de
romances policiais. Isso é o que faço para ganhar a vida.
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