São Paulo, sábado, 25 de junho de 2005

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DANÇA

Espetáculo "C/ Cordas", do coreógrafo Rui Moreira para a cia. Cisne Negro, estréia hoje no Teatro Municipal de SP

Corpos vibram ao som da história da viola

LUCIANA ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

A poesia no espetáculo "C/ Cordas", que estréia hoje, às 21h, no Teatro Municipal, em São Paulo, com a companhia de dança Cisne Negro, parte de seu nome e segue numa reflexão sobre o tempo pelos caminhos da viola e de seu coreógrafo, Rui Moreira, 42.
No título, o "C/", escrito assim, abre-se a leituras diversas. "Com essa grafia, a interpretação é livre. Amplia-se", diz Moreira. Entre as possibilidades, ele destaca "com cordas", como o instrumento, e "concordas", de concordar. Os movimentos coreográficos também falam por si, numa linguagem plástica que pode ser traduzida por "corpos cordas"."O gestual desenvolvido ondula os corpos, que vibram como as cordas da viola", descreve Moreira.
No espetáculo, a história da viola conduz o espectador por um percurso claro. A origem moura do instrumento, a chegada à Europa e o desembarque no Brasil, onde finca raiz e se espalha. A dança se faz enredo das transformações da sonoridade da viola por esses lugares.
Segundo Moreira, a trajetória da viola se cruzou com a sua própria em "C/ Cordas" a partir do convite para concebê-lo para o Cisne Negro, companhia na qual ele iniciou sua carreira, em uma espécie de homenagem aos fundadores do grupo, de 28 anos, Edmundo Bittencourt, "em memória", e Hulda Bittencourt.
"O convite me colocou diante de minha trajetória e de reflexões poéticas sobre o tempo, que me deram arrimo emocional para tratá-las no plano da ação", conta o coreógrafo. "Coincidindo ainda com um momento no qual desenvolvo uma pesquisa sobre festejos populares em Minas Gerais e me dei conta do papel desse Estado na difusão da viola", completa.
Paulista, Moreira vive há 20 anos em Minas, onde se consagrou como bailarino do grupo Corpo, o qual integrou por 13 anos, até 1999. A constatação feita acima, entretanto, não limita a trilha da peça às cordas de violeiros mineiros como Renato Andrade e Ivan Vilela; também traz músicas do paraibano Babilak Bah, do paulista Camilo Carrara e dos pernambucanos do Cordel do Fogo Encantado, entre outros.
O aspecto poético e lúdico de passos do frevo, da catira, da congada são filtrados pela vivência acadêmica dos bailarinos, numa estilização do folclore. O mesmo acontece com o figurino de André Cortez, que ganha textura de expressões populares, com fitas, chapéus e enfeites. Em preto e em branco, as roupas ganham cor com a luz de Raquel Balakian.
O cenário idealizado pela artista Yara Freiberg acentua o espaço cênico com linhas retas que vão do chão ao fundo do palco, lembrando as cordas esticadas da viola ou mesmo um caminho.
A estréia de "C/ Cordas" é precedida no programa apresentado no Municipal neste fim de semana pela coreografia "Além da Pele", criada especialmente pelo francês Patrick Delcroix para o Cisne Negro.


Cisne Negro
Quando:
hoje, às 21h; amanhã, às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, SP, tel. 0/xx/11/223-3022)
Quanto: de R$ 10 a R$ 30


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