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DANÇA
Espetáculo "C/ Cordas", do coreógrafo Rui Moreira para a cia. Cisne Negro, estréia hoje no Teatro Municipal de SP
Corpos vibram ao som da história da viola
LUCIANA ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
A poesia no espetáculo "C/ Cordas", que estréia hoje, às 21h, no
Teatro Municipal, em São Paulo,
com a companhia de dança Cisne
Negro, parte de seu nome e segue
numa reflexão sobre o tempo pelos caminhos da viola e de seu coreógrafo, Rui Moreira, 42.
No título, o "C/", escrito assim,
abre-se a leituras diversas. "Com
essa grafia, a interpretação é livre.
Amplia-se", diz Moreira. Entre as
possibilidades, ele destaca "com
cordas", como o instrumento, e
"concordas", de concordar. Os
movimentos coreográficos também falam por si, numa linguagem plástica que pode ser traduzida por "corpos cordas"."O gestual desenvolvido ondula os corpos, que vibram como as cordas
da viola", descreve Moreira.
No espetáculo, a história da viola conduz o espectador por um
percurso claro. A origem moura
do instrumento, a chegada à Europa e o desembarque no Brasil,
onde finca raiz e se espalha. A
dança se faz enredo das transformações da sonoridade da viola
por esses lugares.
Segundo Moreira, a trajetória
da viola se cruzou com a sua própria em "C/ Cordas" a partir do
convite para concebê-lo para o
Cisne Negro, companhia na qual
ele iniciou sua carreira, em uma
espécie de homenagem aos fundadores do grupo, de 28 anos, Edmundo Bittencourt, "em memória", e Hulda Bittencourt.
"O convite me colocou diante
de minha trajetória e de reflexões
poéticas sobre o tempo, que me
deram arrimo emocional para
tratá-las no plano da ação", conta
o coreógrafo. "Coincidindo ainda
com um momento no qual desenvolvo uma pesquisa sobre festejos
populares em Minas Gerais e me
dei conta do papel desse Estado
na difusão da viola", completa.
Paulista, Moreira vive há 20
anos em Minas, onde se consagrou como bailarino do grupo
Corpo, o qual integrou por 13
anos, até 1999. A constatação feita
acima, entretanto, não limita a trilha da peça às cordas de violeiros
mineiros como Renato Andrade e
Ivan Vilela; também traz músicas
do paraibano Babilak Bah, do
paulista Camilo Carrara e dos
pernambucanos do Cordel do Fogo Encantado, entre outros.
O aspecto poético e lúdico de
passos do frevo, da catira, da congada são filtrados pela vivência
acadêmica dos bailarinos, numa
estilização do folclore. O mesmo
acontece com o figurino de André
Cortez, que ganha textura de expressões populares, com fitas,
chapéus e enfeites. Em preto e em
branco, as roupas ganham cor
com a luz de Raquel Balakian.
O cenário idealizado pela artista
Yara Freiberg acentua o espaço
cênico com linhas retas que vão
do chão ao fundo do palco, lembrando as cordas esticadas da viola ou mesmo um caminho.
A estréia de "C/ Cordas" é precedida no programa apresentado
no Municipal neste fim de semana pela coreografia "Além da Pele", criada especialmente pelo
francês Patrick Delcroix para o
Cisne Negro.
Cisne Negro
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 17h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/nš, SP, tel. 0/xx/11/223-3022)
Quanto: de R$ 10 a R$ 30
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