DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Tamanho não é documento, muito menos medida para a arte. Prova disso é a "nanoexposição", que abre hoje no Rio de Janeiro, na galeria Arte em Dobro, com trabalhos de 35 artistas contemporâneos que propõem uma reflexão sobre o papel do (in)visível.
O conceito nasceu de uma conversa entre Isabel Löfgren, Marco Antonio Portela, Patrícia Gouvêa e Mauro Bandeira em que a metáfora do diminuto, além de remeter à sedução dos pequenos objetos de coleção, por exemplo, colocava-os na contracorrente da arte contemporânea, freqüentemente dada a excessos para chamar a atenção do espectador.
"nanoexposição" é diferente. Alguns dos trabalhos, que variam entre 1 cm e 40 cm, pedem o auxílio de uma lupa -devidamente colocada à mão- para serem apreciados em detalhes.
Bandeira construiu seu "nanoerro" a partir de uma série de lamínulas de laboratório colocadas uma sobre a outra. Em cada uma delas, de espessura de 0,1 mm, o artista traça uma linha imperfeita -segundo a sua "teoria do erro"-, que por sua vez influenciará a próxima paralela traçada na lamínula seguinte.
"Você pode trabalhar com invisibilidade por meio da miniaturização do trabalho mas também conceitualmente. Seria realmente impossível fazer trabalhos nanométricos, que teriam de ser vistos com microscópio eletrônico", afirma Bandeira, 43. "Acho que o principal foi fazer com que as pessoas pensassem sobre essas coisas megas da arte contemporânea. A maioria dos artistas hoje trabalha com a visibilidade."
Ainda assim o artista e organizador da mostra, que reúne minitrabalhos de Alexandre Vogler, Caetano Dias, José Rufino, Raul Mourão, entre outros, afirma que sua "nanoexposição" não se pretende uma reação combativa à arte contemporânea. "Só lançamos uma idéia que é interessante porque vai de encontro ao que está sendo produzido. Não queremos deixar de ser contemporâneos; a nanotecnologia é um assunto em voga em muitas áreas atualmente", justifica Bandeira.