São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2001

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DA RUA

O adúltero

FERNANDO BONASSI

Boca seca. Virilha tremendo. Ventre melado. Gola virada por cima de chupadas maquiadas. Molho de chaves esmagado de medo. Rezando pelo silêncio das dobradiças, relógios e cachorros. Pé ante pé sem sapato no carpete mais macio da liquidação. Bigode lavado com detergente de maçã na pia da cozinha em aflição. Um espelho rápido, por via das dúvidas visíveis. Você é um homem satisfeito ou um gato assustado? Violando a própria cômoda -quem diria?! Das roupas nem se livra. Como preso fugido, põe o pijama sobretudo. Deita-se com a legítima esposa feito estivessem mortos, na alegria e na doença, na saúde e na tristeza. Ferrando no sono, ainda sonha melhores casos... o que, no dela, seria refresco apimentado.



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