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DA RUA
O adúltero
FERNANDO BONASSI
Boca seca. Virilha tremendo. Ventre melado. Gola virada por cima de chupadas maquiadas. Molho de chaves esmagado de medo. Rezando
pelo silêncio das dobradiças,
relógios e cachorros. Pé ante
pé sem sapato no carpete
mais macio da liquidação. Bigode lavado com detergente
de maçã na pia da cozinha em
aflição. Um espelho rápido,
por via das dúvidas visíveis.
Você é um homem satisfeito
ou um gato assustado? Violando a própria cômoda
-quem diria?! Das roupas
nem se livra. Como preso fugido, põe o pijama sobretudo.
Deita-se com a legítima esposa feito estivessem mortos, na
alegria e na doença, na saúde
e na tristeza. Ferrando no sono, ainda sonha melhores casos... o que, no dela, seria refresco apimentado.
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