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LIVROS/LANÇAMENTOS
Coleção do Metropolitan usa didatismo em livros dedicados a Monet, Degas, Da Vinci e Van Gogh
Série desvenda clássicos da arte para crianças
RODRIGO MOURA
DA REDAÇÃO
Didatismo em arte é campo
minado -como reproduzir
a experiência de forma direta e
objetiva, quando é no oposto desses termos que ela se dá?
Daí que a coleção do The Metropolitan Museum of Art, de Nova
York, tenha alcançado certo êxito
nesse campo. Seu autor, o historiador da arte Richard Mülberger,
optou por radicalizar as premissas objetivas para falar ao público
infanto-juvenil o que faz de uma
grande obra uma grande obra.
Não gasta tempo (do leitor)
nem espaço com contextualizações históricas, comparações subjetivas ou eruditismo. Em um assunto muitas vezes árido mesmo
para o público adulto, uma espécie de isenção vocabular, fora do
dialeto crítico, faz bem -inclusive para leitores adultos.
Nos primeiros quatro volumes
da série, lançada no Brasil pela
Cosac & Naify -dedicados a
Leonardo da Vinci, Vincent van
Gogh, Claude Monet e Edgar Degas-, o autor encontra, não sem
bastante esforço, o tom certo.
A estratégia principal consiste
em descrever os acontecimentos
-biográficos ou pictóricos-,
dando eloquência aos fatos e deixando os fios soltos para o leitor-iniciante montar as peças ao seu
próprio entendimento.
Os quatro volumes têm a mesma estrutura: uma curtíssima
biografia no início, seguida de
análises detidas de fases, exame
minucioso de obras e um quadro
final, bastante esquemático, mostrando os quatro pontos estilísticos pelos quais os artistas se tornam "inconfundíveis".
Nesse ponto, além da seriedade
de abordagem, é a qualidade gráfica, com boas reproduções em
cores, que dá a possibilidade de o
leitor perceber os detalhes de cada
pintura -sintomaticamente, só
pintores foram escolhidos pela série, que ainda vai destinar volumes a Picasso, Rembrandt, Rafael,
Goya e Bruegel.
Tomemos o caso, tão emblemático na pintura moderna, de Claude Monet (1840-1926). "O que Faz
de um Monet um Monet?" dá
conta da progressiva "abstração"
que a pintura do impressionista
vai assumindo, até transbordar na
efusividade visual das séries das
Ninféias, à qual se dedica nos últimos 25 anos de vida.
A descrição das pinturas, apresentadas nas legendas, e o uso de
"frases" do pintor sobre o que esse momento representou em sua
pintura e sua vida desvendam para as crianças um dos momentos
altos da arte moderna, sem ser tedioso ou indigesto. Lido em paralelo com o volume dedicado a Degas, o texto ajuda a juntar os tais
pontos para o leitor jovem.
É criticável a falta de datas
acompanhando as reproduções,
recurso que facilitaria ainda mais
a compreensão desse percurso.
Há, ainda, uma certa curiosidade em ver como uma série dessas
se comportaria observando artistas contemporâneos, que, ao contrário dos modernos, não têm
mais na idéia de estilo um aliado
tão poderoso para se diferenciar
de seus pares.
Somados os tentos, Mülberger
não consegue, é evidente, explicar
o que faz de uma obra-prima uma
obra-prima, independentemente
do artista que a tenha criado
-embora dê pistas certeiras para
o leitor, pelo menos, se interessar
por essa outra pergunta, que move todos os esforços nessa área.
O que Faz de um Da Vinci um Da
Vinci?, O que Faz de um Monet
um Monet?, O que Faz de um
Van Gogh um Van Gogh? e O
que Faz de um Degas um
Degas?
Autor: Richard Mülberger
Editora: The Metropolitan Museum of
Art/Cosac & Naify
Quanto: R$ 34, cada um (48 págs.)
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