São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997.




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MÚSICA
Dupla tenta evitar derrocada; venda é uma das menores

LUÍS PEREZ
da Redação

A dupla Leandro & Leonardo tenta evitar a derrocada total da vendagem de seus discos e acaba de mudar de gravadora -deixou a Continental e assinou, há duas semanas, contrato com a BMG.
Embora a transação esteja confirmada com o presidente da BMG Brasil, Luiz Oscar Niemeyer, 40, a dupla se recusa a falar a respeito. Por meio da assessora de imprensa Ede Cury, 42, afirmou que "não é o momento de falar sobre isso". Também não quis abordar outros temas em entrevista.
"Evidentemente, eles já podem falar como artistas da BMG", afirma Niemeyer, que comprou o passe da dupla em um momento de baixa. O auge foi em 1990 -com "Pense em Mim", ainda sob a ressaca de "Tapas e Beijos"-, ano em que um único disco vendeu 2,85 milhões de cópias.
Lançado em julho deste ano, o mais recente trabalho da dupla teve uma vendagem inicial de 300 mil cópias, número baixo, comparável somente ao início da carreira, em 1987, quando venderam só 250 mil cópias do segundo disco.
A vendagem baixa é inversamente proporcional à presença da dupla na mídia, principalmente em comerciais de TV. Os cantores participaram, nos últimos três meses, de três comerciais: da Telesena, Nestlé e Bavaria.
Com toda essa exposição, a venda aumentou para 376 mil discos -cerca da metade do que vendeu o CD do ano passado da dupla João Paulo & Daniel (700 mil), que também era da Continental.
O disco deste ano, com a morte de João Paulo, em 12 de setembro, vendeu cerca de 600 mil cópias.
O presidente da BMG se recusa a falar sobre cifras. Segundo a Folha apurou, porém, o novo contrato de Leandro & Leonardo está entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, para quatro anos de trabalho.
Milionário, mas pouco comparável ao que já foi no passado -quando potencialmente poderia chegar ao dobro desse valor.
O valor de um contrato varia de acordo com a média de vendagem do artista nos últimos anos.
A partir desse número, é feito um cálculo de quanto seriam recebidos como royalty -valor devido a quem detém o direito sobre patente ou exploração comercial de produto ou obra original.
O valor pode ser adiantado para o artista. No decorrer dos anos, de acordo com a venda, essa quantia vai sendo amortizada. Se não vender a quantidade de cópias prevista, o contrato é automaticamente prorrogado, e o artista, obrigado a gravar discos até cumpri-lo.
Em um contrato de quatro anos para artista que vende 1 milhão por ano, o contrato varia entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões. O percentual que ele recebe também varia -de acordo com o peso que tem.
Há desde os que ganham 8% dos royalties até os que recebem 16%. A dupla Leandro & Leonardo ainda tem compromissos com a Continental, com a qual o contrato só venceria em março de 1998.
"A partir daí, começa a vigência do contrato deles com a gente", diz o presidente da BMG, para quem a tiragem inicial de 300 mil cópias da dupla nada mais foi do que "estratégia de venda" da Continental.
"Existe uma gravadora com postura mais agressiva e outra com postura menos agressiva, de ganhar mercado aos poucos, à medida que o disco sai da loja."
Nesse raciocínio, a estratégia da Sony é bem mais agressiva do que a da Continental. O CD de Zezé di Camargo & Luciano foi lançado com 1 milhão de cópias já vendidas em setembro deste ano.
Niemeyer diz ainda que a contratação de Leandro & Leonardo era "uma obsessão" da BMG. Faz também uma previsão: o próximo disco da dupla sai em junho de 98.



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