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PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Ilê Axé Opô Afonjá mantém arquitetura do início do século e trechos da mata atlântica
Templo de candomblé é tombado na BA
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
Um dos mais antigos e tradicionais terreiros de candomblé da
Bahia será tombado hoje pelo
Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional).
A cerimônia de tombamento do
Ilê Axé Opô Afonjá coincide com
as comemorações dos 60 anos de
trabalho de Maria Stella de Azevedo Santos, mãe-de-santo que comanda o terreiro e que, durante
quase 50 anos, dividiu com mãe
Menininha do Gantois a preferência dos adeptos do candomblé
no Brasil.
Localizado no Cabula (periferia
de Salvador), o Ilê Axé Opô Afonjá teve o seu tombamento aprovado depois de quase um ano de estudos feitos por técnicos.
De acordo com o órgão, o tombamento se deve à importância
religiosa e urbanística do templo,
que abriga cerca de 150 pessoas
em área cercada por mata atlântica, com 39 mil metros quadrados.
As casas-de-santo do templo
apresentam característica arquitetônica típica das residências pobres do início do século: aparência de vila formada por imóveis
pequenos e coloridos. Na mata, o
terreiro mantém árvores sagradas
para o candomblé.
Com o tombamento, o local não
poderá sofrer qualquer tipo de intervenção física ou reparos sem a
prévia autorização do Sphan (Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional).
A vizinhança do terreiro também não terá permissão para realizar obras que impeçam ou reduzam a visibilidade do templo. Até
mesmo os trabalhos de conservação deverão ter aprovação.
Juntamente com o Gantois e
com o Casa Branca, o Ilê Axé Opô
Afonjá forma o mais importante
conjunto de casas de candomblé
da Bahia, frequentado por personalidades brasileiras.
"Estou muito orgulhosa pelo reconhecimento do trabalho de
preservação da cultura negra e de
assistência social que mantemos
no Ilê Axé Opô Afonjá", disse mãe
Stella.
Casa dedicada ao culto de Xangô (patrono do fogo para os adeptos do candomblé), o Ilê Axé Opô
Afonjá é um templo de liderança
feminina.
Fundado por Eugênia dos Santos, a mãe Aninha, em 1910, o terreiro é o segundo do país a ser
tombado como patrimônio histórico nacional.
O primeiro foi o terreiro da Casa Branca, considerado o mais antigo centro de culto afro-brasileiro da Bahia. O tombamento aconteceu em 1986.
Hoje à noite, mãe Stella comemora o tombamento do Ilê Axé
Opô Afonjá com uma festa que
deverá contar com a participação
do ministro da Cultura, Francisco
Weffort, políticos, artistas, filhos e
filhas-de-santo.
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