São Paulo, Quinta-feira, 25 de Novembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Ilê Axé Opô Afonjá mantém arquitetura do início do século e trechos da mata atlântica
Templo de candomblé é tombado na BA

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador


Um dos mais antigos e tradicionais terreiros de candomblé da Bahia será tombado hoje pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A cerimônia de tombamento do Ilê Axé Opô Afonjá coincide com as comemorações dos 60 anos de trabalho de Maria Stella de Azevedo Santos, mãe-de-santo que comanda o terreiro e que, durante quase 50 anos, dividiu com mãe Menininha do Gantois a preferência dos adeptos do candomblé no Brasil.
Localizado no Cabula (periferia de Salvador), o Ilê Axé Opô Afonjá teve o seu tombamento aprovado depois de quase um ano de estudos feitos por técnicos.
De acordo com o órgão, o tombamento se deve à importância religiosa e urbanística do templo, que abriga cerca de 150 pessoas em área cercada por mata atlântica, com 39 mil metros quadrados.
As casas-de-santo do templo apresentam característica arquitetônica típica das residências pobres do início do século: aparência de vila formada por imóveis pequenos e coloridos. Na mata, o terreiro mantém árvores sagradas para o candomblé.
Com o tombamento, o local não poderá sofrer qualquer tipo de intervenção física ou reparos sem a prévia autorização do Sphan (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A vizinhança do terreiro também não terá permissão para realizar obras que impeçam ou reduzam a visibilidade do templo. Até mesmo os trabalhos de conservação deverão ter aprovação.
Juntamente com o Gantois e com o Casa Branca, o Ilê Axé Opô Afonjá forma o mais importante conjunto de casas de candomblé da Bahia, frequentado por personalidades brasileiras.
"Estou muito orgulhosa pelo reconhecimento do trabalho de preservação da cultura negra e de assistência social que mantemos no Ilê Axé Opô Afonjá", disse mãe Stella.
Casa dedicada ao culto de Xangô (patrono do fogo para os adeptos do candomblé), o Ilê Axé Opô Afonjá é um templo de liderança feminina.
Fundado por Eugênia dos Santos, a mãe Aninha, em 1910, o terreiro é o segundo do país a ser tombado como patrimônio histórico nacional.
O primeiro foi o terreiro da Casa Branca, considerado o mais antigo centro de culto afro-brasileiro da Bahia. O tombamento aconteceu em 1986.
Hoje à noite, mãe Stella comemora o tombamento do Ilê Axé Opô Afonjá com uma festa que deverá contar com a participação do ministro da Cultura, Francisco Weffort, políticos, artistas, filhos e filhas-de-santo.


Texto Anterior: Televisão: Especial da Cultura celebra a obra do artista Alfredo Volpi
Próximo Texto: Fotografia: Fotógrafo de moda chega ao Brasil em pôsteres e cartazes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.