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GASTRONOMIA
Drinque moderno ascende sem tirar espaço do clássico
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
GIULIANA BASTOS
DO GUIA DA FOLHA
Ao menos no mundo dos drinques, modernos e clássicos estão
convivendo sem as sacudidas do
choque de gerações. Na noite de
São Paulo, receitas mais novas,
como o Long Island Iced Tea, têm
ganhado espaço sem ameaçar os
postos ocupados pelos tradicionais Dry Martini e Blood Mary.
O movimento ascendente da jovem guarda dos coquetéis vem
dando as caras com maior demanda e interesse pelo trabalho
do bartender -que se diferencia
do barman pela informalidade e
interação com o cliente.
Segundo Pablo Moya, 27, proprietário do bar-escola Todos os
Santos e da Flairbrasil, que ministra cursos de formação de bartenders, o cenário vem se modificando nos últimos três anos.
Ele diz que há 30 empresas que
oferecem equipes de bartenders
para eventos e festas, comparadas
a cinco existentes em 2001, e calcula que de 80 a cem profissionais
são diplomados por mês nas coqueteleiras de cinco escolas de
São Paulo -o que denotaria procura por mais qualificação no
mercado. Em 12 de dezembro será realizada a segunda edição do
Campeonato Brasileiro de Working e Exhibition Flair -modalidade que implica malabarismos
na preparação dos drinques.
As piruetas e o visual das bebidas -como o do esfumaçado
Drinque do Inferno ou o do multicolorido Lagoa Azul- têm sido
fator de apelo para a popularização dos drinques entre o público
jovem. Tiago Fonseca, 23, do bar
O Luau da Vila, diz que a principal função do "flair" é "iniciar
uma conversação com o cliente
sobre o coquetel".
Tanto ele quanto Moya se
apressam para frisar que o recurso não é e nem deve ser o principal elemento de todo o processo.
"A impressão que um drinque vai
deixar no paladar de um cliente é
o que pode incentivá-lo a voltar
outras vezes e fazer a marca do
bar", diz Fonseca.
Tradição
Na ala clássica, Derivan Ferreira
de Souza, do Tanoeiro, com 48
anos e 30 de profissão, afirma que
"os clássicos estão sobrevivendo
há mais de cem anos e não vão
acabar de uma hora para outra".
Um fator determinante para a
permanência de determinada receita é, como almejam muitos
produtos de hoje, a associação a
uma "atitude" ou "estilo de vida".
O Cosmopolitan voltou a estourar
no vácuo da série "Sex and the
City" como favorito da protagonista Carrie Bradshaw. "O "revival" é muito grande no mundo da
coquetelaria. Dependendo da minissérie da Globo, a gente sofre",
também lembra Souza.
Mas a tendência, ressalta o clássico barman, é a multiplicação das
receitas de drinques, resultado
não só da competição entre os fabricantes de bebida e da promoção dos produtos mas também da
mudança de hábito do público.
"Hoje o conhaque é tomado com
água tônica, algo que seria impensável anos atrás."
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