São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 2000

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BARBARA GANCIA


Roberto volta à crista da onda <

Outro dia , em uma entrevista no canal GNT, ouvi aquele monumento de nome Marisa Monte dizer que a música e o amor andam juntos desde o início dos tempos. Sei não, mas sempre tenho a impressão de que o amor cantado acaba tolhido, feito aquelas marinas infelizes que o Chico Anysio pintava quando ainda tinha outros interesses na vida além de fazer intriga.
Tarefa árdua pintar o mar, não é mesmo? Reduzir aquele mundão para apenas duas dimensões é coisa que, até hoje, só um ou outro impressionista francês conseguiu fazer com competência.
Cantar o amor também não é para qualquer mortal. São poucos os que realmente conseguem fazer o punhado de variações sobre o tema calcar fundo no peito. Aliás, "calcar fundo no peito" é justamente uma daquelas expressões que estão em uma de cada dez músicas que falam de amor. Está vendo só como a matéria é difícil?
Mas não para Roberto Carlos. Quando você acha que ele já esgotou o assunto, Roberto puxa mais um clássico da manga.
Olhando assim, nem parece que o homem é um mito vivo: a mesma coreografia de sempre para segurar o microfone; a mesma pulseirona de malhas grossas; o mesmo terninho azul; o mesmo laquê da vovó nos cachos prateados e o mesmo especial de Natal.
Mas, este ano, algo mudou. Na última quinta-feira, Roberto Carlos fez o melhor especial de fim de ano de toda a sua vida.
Maria Rita teve algo a ver com isso? Teve, claro. O que não exclui o fato de que o cara seja um fenômeno: sem nunca ter saído de cartaz, RC volta a estar na crista da onda. Na loja de importados, durante as compras de Natal, o sujeito ao meu lado queria saber se os filmes do Rei já haviam sido lançados em DVD.
Na seção de discos do Extra, o pedaço mais concorrido, de longe, era o dos relançamentos de Roberto. E, no especial da Globo, não teve um só convidado que não ficasse de olhos marejados com as emoções que ele viveu. Na platéia da Globo e nas salas de estar do seu milhão de amigos. Vezes mil.

Se eu tiver de ver mais uma daquelas tomadas aéreas de meia hora feitas do helicóptero Águia Dourada, eu corto os pulsos!

E foi só falar que o "Globo Repórter" virou programa de uma reportagem só, aquela sobre o Pantanal, que pimba! Sexta, lá estava o Francisco José batendo ponto com um tuiuiu na bandeja. Êta soneira!

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