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Diretor lançará versão mais longa em DVD
DE LONDRES
"O Senhor dos Anéis" marca
uma radical mudança na carreira
do diretor neozelandês Peter
Jackson, 40. Conhecido até os
anos 90 por sua imaginação "fértil" (no mau sentido), ele tem sido
agora comparado a astros da ficção hollywoodiana como George
Lucas ou Steven Spielberg.
Os grandes estúdios não costumavam se impressionar com o
currículo de Jackson. Ele não passava de um estrangeiro excêntrico
e de bom papo, autor de filmes
sangrentos de terror como
"Braindead".
Violência, drogas e muito sexo
foram algumas de suas marcas registradas no início de carreira
-não exatamente o que se esperaria de alguém convidado para
levar ao cinema um clássico da literatura infanto-juvenil.
Mas Jackson sonhava com o
grande público. Começou a mudar seu perfil em 94, ao deixar a
violência gratuita de lado em
"Heavenly Creatures" (Almas Gêmeas). Ainda assim, seu nome
não chegava a encabeçar a lista
dos "queridinhos" da indústria cinematográfica quando os estúdios New Line concordaram em
bancar a tripla empreitada baseada na obra de Tolkien.
"É um dos maiores riscos que
Hollywood já assumiu", disse o
diretor, em entrevista da qual a
Folha participou, em Londres.
Leia trechos a seguir.
(MS)
Pergunta - Quais foram as maiores dificuldades na produção de "O
Senhor dos Anéis"?
Peter Jackson - O mais difícil foi
escrever o roteiro. Com ele pronto
já não foi tão difícil filmar. Trabalhamos três anos no roteiro. É como construir uma casa: você precisa dos arquitetos para desenhar
a planta. Uma vez com a planta na
mão, resta contratar as pessoas
certas para executar o plano.
Pergunta - Dizia o senso comum
que era impossível traduzir a obra
de Tolkien para o cinema...
Jackson - O processo de adaptar
Tolkien -ou qualquer outro autor- passa por uma coisa fundamental: simplificação. Você exclui
ou muda algo, mas, no geral, trata-se de um processo de simplificação da obra. No filme há sempre a espinha da história, o mote.
No caso de "O Senhor dos Anéis"
trata-se de Frodo e o anel: o que o
anel causa a Frodo, o que o anel
faz às outras pessoas, como Frodo
responde a isso tudo. A proposta
foi: se houvesse personagens e
subtramas que não afetassem diretamente o eixo central narrativo, não estariam na história.
Pergunta - O sr. acredita que essa
simplificação vai agradar àqueles
que já são fãs dos livros de Tolkien?
Jackson - Essa é uma pergunta
que todos têm feito. Na realidade,
ao fazer o filme, tive uma responsabilidade igual ou maior com
aqueles que desconhecem Tolkien. Dois terços das pessoas que
verão o filme nunca leram ou ouviram falar do livro. Os fãs sabem
o que vai acontecer, enquanto
aqueles que não leram verão a história se desenrolar sem saber o
que vem em seguida.
Pergunta - Não é muito longo um
filme de três horas de duração voltado ao grande público?
Jackson - Tivemos versões do filme com três horas e meia. Há ótimas cenas que ficaram de fora.
Em algum momento devemos fazer uma versão mais longa, para
lançamento em DVD. Não há regras para a duração de um filme.
Todos já vimos filmes de três horas que parecem durar 90 minutos e filmes de 90 minutos que parecem ter três horas.
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