São Paulo, Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2000


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MOSTRA
Festival de Cinema de Roterdã começa hoje

CARLOS ADRIANO
especial para a Folha

A cidade que abriga o maior porto do mundo abre, a partir de hoje, suas comportas para um mar de filmes. Está começando o 29º Festival Internacional de Cinema de Roterdã (Holanda), que vai até o dia 6 de fevereiro, exibindo o que está na crista das novas ondas audiovisuais.
Conhecido como "o festival dos cineastas", Roterdã afina seu perfil no cinema de ponta e aposta em (re)descobertas originais, mas não ignora o gosto popular moderno, sintonizado com o impacto tecnológico.
Na sessão de abertura, "O Informante", documentário/drama verídico de Michael Mann sobre denúncias da imprensa contra a indústria do cigarro.
O Japão é homenageado em vários eventos: do imenso sucesso comercial de novos filmes de horror, como "Ring" (Hideo Nakata), ao extremo intransigente do filme experimental, como a obra de Takashi Ito.
A seção Exploding Cinema, destinada a mapear fronteiras, varre conexões com animações, vídeo games, design on line, instalações, lounge club, sushi bar e o Tech.Pop.Japan. Cultuado no Ocidente e admirado pelos jovens independentes japoneses, Kinji Fukasaku mostra em retrospectiva sua revitalização do gênero "yakuza" e sua crítica política à sociedade japonesa.
Um ciclo temático faz a ponte dos olhares estrangeiros ao país: de "Harakiri" (Fritz Lang) a "Mishima" (Paul Schrader). No programa, promessas-sensações: "M/Other" (Nobuhiro Suwa) e "Hazy Life" (Nobuhiro Yamashita). Mas talvez a aposta certa seja Takashi Miike e seu divertido terror ("Audition", "Dead or Alive").
O programa Film-makers in Focus destaca três autores: Mamoru Oshii, mestre da animação japonesa, que implodiu o gênero com o mix de folclore tradicional, film noir, cyberpunk, surrealismo; Serik Aprymov, pioneiro da Nouvelle Vague do Cazaquistão, surgida no final dos 80; Julio Bressane, um dos inovadores do cinema brasileiro, com filmes dos anos 60, 80 e 90.
No programa principal, atrações da Áustria "L + R" (Edgar Honetschläger), Bélgica "Piranha Blues: Film 1" (Willem Wallijn), China "Shower" (Zhang Yang), Coréia "The Uprising" (Park Kwang-Su), Estados Unidos "Spectres of the Spectrum" (Craig Baldwin), França "Sud" (Chantal Akerman), Holanda "The Long Holiday" (Johan van der Keuken). E há ainda os filmes do inventivo italiano Tonino de Bernardi, da brasileira "globe-trotter" Vivian Ostrovsky, dos radicais Jean-Marie Straub e Danièle Huillet.
O cardápio é vasto e fino: "Kimono", volta triunfal de Hal Hartley ao curta; "Buñuel's Prisioners" (Ramon Gieling), sobre Las Hurdes, a terra sem pão que virou filme; "6 Easy Pieces", pesquisa digital de Jon Jost; "American Movie" (Chris Smith), com bizarro diretor marginal; "Au Champ d'Honneur", inquietação de Luc Moullet; "The Target Shoots First", vídeo doméstico industrial de Christopher Wilcha; "Nang Kak" (Nonzee Nimibutr), épico tailandês que bateu "Titanic"; "Orator" (Yusuf Razykov), sobre o impacto popular da revolução russa; "La Genèse" (Cheick Oumar Sissoko), versão do negro Mali para o antigo testamento.

Participação brasileira
O Brasil traz fortes longas-metragens: "Dois Córregos" (Carlos Reichenbach), "Santo Forte" (Eduardo Coutinho) e "Através da Janela" (Tata Amaral).
A competição Tiger Awards, para jovens diretores, traz "Timeless Melody" (Hiroshi Okuhara, Japão), "Suzhou River" (Lou Ye, China), "Les Diseurs de Vérité" (Karim Traïdia, Holanda/França) e "Freak Weather" (Mary Kuryla, Estados Unidos).


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