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MOSTRA
Festival de Cinema de Roterdã começa hoje
CARLOS ADRIANO
especial para a Folha
A cidade que abriga o maior
porto do mundo abre, a partir de
hoje, suas comportas para um
mar de filmes. Está começando o
29º Festival Internacional de Cinema de Roterdã (Holanda), que
vai até o dia 6 de fevereiro, exibindo o que está na crista das novas
ondas audiovisuais.
Conhecido como "o festival dos
cineastas", Roterdã afina seu perfil no cinema de ponta e aposta
em (re)descobertas originais, mas
não ignora o gosto popular moderno, sintonizado com o impacto tecnológico.
Na sessão de abertura, "O Informante", documentário/drama
verídico de Michael Mann sobre
denúncias da imprensa contra a
indústria do cigarro.
O Japão é homenageado em vários eventos: do imenso sucesso
comercial de novos filmes de horror, como "Ring" (Hideo Nakata), ao extremo intransigente do
filme experimental, como a obra
de Takashi Ito.
A seção Exploding Cinema, destinada a mapear fronteiras, varre
conexões com animações, vídeo
games, design on line, instalações,
lounge club, sushi bar e o
Tech.Pop.Japan. Cultuado no
Ocidente e admirado pelos jovens
independentes japoneses, Kinji
Fukasaku mostra em retrospectiva sua revitalização do gênero
"yakuza" e sua crítica política à
sociedade japonesa.
Um ciclo temático faz a ponte
dos olhares estrangeiros ao país:
de "Harakiri" (Fritz Lang) a "Mishima" (Paul Schrader). No programa, promessas-sensações:
"M/Other" (Nobuhiro Suwa) e
"Hazy Life" (Nobuhiro Yamashita). Mas talvez a aposta certa seja
Takashi Miike e seu divertido terror ("Audition", "Dead or Alive").
O programa Film-makers in Focus destaca três autores: Mamoru
Oshii, mestre da animação japonesa, que implodiu o gênero com
o mix de folclore tradicional, film
noir, cyberpunk, surrealismo; Serik Aprymov, pioneiro da Nouvelle Vague do Cazaquistão, surgida
no final dos 80; Julio Bressane, um
dos inovadores do cinema brasileiro, com filmes dos anos 60, 80 e
90.
No programa principal, atrações da Áustria "L + R" (Edgar
Honetschläger), Bélgica "Piranha
Blues: Film 1" (Willem Wallijn),
China "Shower" (Zhang Yang),
Coréia "The Uprising" (Park
Kwang-Su), Estados Unidos
"Spectres of the Spectrum" (Craig
Baldwin), França "Sud" (Chantal
Akerman), Holanda "The Long
Holiday" (Johan van der Keuken). E há ainda os filmes do inventivo italiano Tonino de Bernardi, da brasileira "globe-trotter" Vivian Ostrovsky, dos radicais Jean-Marie Straub e Danièle
Huillet.
O cardápio é vasto e fino: "Kimono", volta triunfal de Hal Hartley ao curta; "Buñuel's Prisioners" (Ramon Gieling), sobre Las
Hurdes, a terra sem pão que virou
filme; "6 Easy Pieces", pesquisa
digital de Jon Jost; "American
Movie" (Chris Smith), com bizarro diretor marginal; "Au Champ
d'Honneur", inquietação de Luc
Moullet; "The Target Shoots
First", vídeo doméstico industrial
de Christopher Wilcha; "Nang
Kak" (Nonzee Nimibutr), épico
tailandês que bateu "Titanic";
"Orator" (Yusuf Razykov), sobre
o impacto popular da revolução
russa; "La Genèse" (Cheick Oumar Sissoko), versão do negro
Mali para o antigo testamento.
Participação brasileira
O Brasil traz fortes longas-metragens: "Dois Córregos" (Carlos
Reichenbach), "Santo Forte"
(Eduardo Coutinho) e "Através
da Janela" (Tata Amaral).
A competição Tiger Awards,
para jovens diretores, traz "Timeless Melody" (Hiroshi Okuhara,
Japão), "Suzhou River" (Lou Ye,
China), "Les Diseurs de Vérité"
(Karim Traïdia, Holanda/França)
e "Freak Weather" (Mary Kuryla,
Estados Unidos).
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