São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2000


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Cidade redefine luxo

da enviada a Milão

Novos significados para a expressão luxo e riqueza foram instalados no desfile da marca Fendi, anteontem em Milão, dentro da temporada do prêt-à-porter que termina hoje na cidade, com os lançamentos para o outono-inverno 2000.
A partir de amanhã, acontecem os desfiles das coleções em Paris, última etapa do circuito internacional desta estação.
Uma sala divide-se em duas, com a passarela sendo junto a um cenário branco com 33 portas, também brancas, cujas maçanetas são o próprio logo da marca romana desenhada pelo alemão Karl Lagerfeld.
A coleção em si foi uma deliciosa extravaganza fashion, em que o afiadíssimo vocabulário de Lagerfeld aparece desdobrado de modo coerente e justificado. "As peles são para mim um tecido como qualquer outro", declarou o estilista. E assim a coisa foi. O que não é pele, é couro, seda ou organza. As cores são ácidas, fortes (rosa, laranja, vermelho e turquesa), em combinações quase lisérgicas.
Há também beges mais sóbrios, marrons tipo fórmica. As imagens são tão intensas e caras que às vezes beiram o absurdo.
O som começa calmo (tipo Air) e vai evoluindo para o rock psicodélico do Doors, por exemplo, com as viagens de Jim Morrison (na narração em off).
Para completar o look, dourado como se picotado nos olhos, cabelos meio penteados na frente, embaraçados atrás.
Óculos que lembram esquiadores -em dourado- aparecem de quando em quando, e, também têm dourado, as bolsas (com alças finas ou pequenas, sempre brilhando, com ou sem os delicados canutilhos vermelhos). Todas vão querer ter.
À essa altura do culto à riqueza, trata-se de um perfeito momento para a rica compradora Fendi. Ela já tem tantos casacos de pele que pode ter mais um, agora supercolorido, com desenho de bolotas.
Os acessórios (braceletes e coleiras) também são dourados e gritam aos olhos, como as botas de salto, em cores fortes, acima do joelho. As Fendi-girls são jet-setters de primeira classe e não vêem problema algum em usar a meia calça com o nome da marca ou os vestidos ou chemises na seda com letras garrafais: FENDI!
Ao final, abrem-se as portas (da percepção do luxo) do cenário e todas as modelos saem ao mesmo tempo, numa explosão de cor e poder. Está ótimo.
Jil Sander, uma das marcas mais elitizadas do prêt-à-porter, fez um elitizadíssimo desfile, já batizado pela imprensa de neominimalista. Muito branco, saias na mesma cor com bolas irregulares, de cintura baixa e comprimento abaixo do joelho, e conjuntos em grafite pontuados delicadamente de pink e laranja.
Marni conquistou corações brecholentos e cheios de personalidade na manhã de ontem. A marca, que vem consolidando o talento da estilista Consuelo Castiglioni, fez simpático mix de décadas (40, 60) com atitude jovem, materiais criativos, como o vinil bege com listra azul no vestido reto ou os paetês prata nos casaquinhos de lã bem fina, misturados a flores envelhecidas. Puro frescor.
A cintura é mais alta nos microspencers de couro bege usados com a saia (sempre um pouco evasê, aberta). Há muitas estampas gráficas, em verde, amarelo, rosa, bege.
A lã vem com cara retrô, canelada no cinza, no casaco com gola de pele, e as sedas das camisas sequinhas (a manga é sempre um pouquinho mais curta) são amarrotadas. Passado/ presente, moderno e pessoal. (EP)


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