|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cidade redefine luxo
da enviada a Milão
Novos significados para a expressão luxo e riqueza foram instalados no desfile da marca Fendi,
anteontem em Milão, dentro da
temporada do prêt-à-porter que
termina hoje na cidade, com os
lançamentos para o outono-inverno 2000.
A partir de amanhã, acontecem
os desfiles das coleções em Paris,
última etapa do circuito internacional desta estação.
Uma sala divide-se em duas,
com a passarela sendo junto a um
cenário branco com 33 portas,
também brancas, cujas maçanetas são o próprio logo da marca
romana desenhada pelo alemão
Karl Lagerfeld.
A coleção em si foi uma deliciosa extravaganza fashion, em que o
afiadíssimo vocabulário de Lagerfeld aparece desdobrado de modo
coerente e justificado. "As peles
são para mim um tecido como
qualquer outro", declarou o estilista. E assim a coisa foi. O que não
é pele, é couro, seda ou organza.
As cores são ácidas, fortes (rosa,
laranja, vermelho e turquesa), em
combinações quase lisérgicas.
Há também beges mais sóbrios,
marrons tipo fórmica. As imagens são tão intensas e caras que
às vezes beiram o absurdo.
O som começa calmo (tipo Air)
e vai evoluindo para o rock psicodélico do Doors, por exemplo,
com as viagens de Jim Morrison
(na narração em off).
Para completar o look, dourado
como se picotado nos olhos, cabelos meio penteados na frente, embaraçados atrás.
Óculos que lembram esquiadores -em dourado- aparecem
de quando em quando, e, também têm dourado, as bolsas (com
alças finas ou pequenas, sempre
brilhando, com ou sem os delicados canutilhos vermelhos). Todas
vão querer ter.
À essa altura do culto à riqueza,
trata-se de um perfeito momento
para a rica compradora Fendi. Ela
já tem tantos casacos de pele que
pode ter mais um, agora supercolorido, com desenho de bolotas.
Os acessórios (braceletes e coleiras) também são dourados e
gritam aos olhos, como as botas
de salto, em cores fortes, acima do
joelho. As Fendi-girls são jet-setters de primeira classe e não vêem
problema algum em usar a meia
calça com o nome da marca ou os
vestidos ou chemises na seda com
letras garrafais: FENDI!
Ao final, abrem-se as portas (da
percepção do luxo) do cenário e
todas as modelos saem ao mesmo
tempo, numa explosão de cor e
poder. Está ótimo.
Jil Sander, uma das marcas mais
elitizadas do prêt-à-porter, fez um
elitizadíssimo desfile, já batizado
pela imprensa de neominimalista. Muito branco, saias na mesma
cor com bolas irregulares, de cintura baixa e comprimento abaixo
do joelho, e conjuntos em grafite
pontuados delicadamente de
pink e laranja.
Marni conquistou corações brecholentos e cheios de personalidade na manhã de ontem. A marca, que vem consolidando o talento da estilista Consuelo Castiglioni, fez simpático mix de décadas
(40, 60) com atitude jovem, materiais criativos, como o vinil bege
com listra azul no vestido reto ou
os paetês prata nos casaquinhos
de lã bem fina, misturados a flores
envelhecidas. Puro frescor.
A cintura é mais alta nos microspencers de couro bege usados
com a saia (sempre um pouco
evasê, aberta). Há muitas estampas gráficas, em verde, amarelo,
rosa, bege.
A lã vem com cara retrô, canelada no cinza, no casaco com gola
de pele, e as sedas das camisas sequinhas (a manga é sempre um
pouquinho mais curta) são amarrotadas. Passado/ presente, moderno e pessoal.
(EP)
Texto Anterior: Moda - Milão: Dolce & Gabbana faz "bagunça de luxo" Próximo Texto: Coleção se inspira em mulheres Índice
|