São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

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"Estamos a serviço de uma visão global"

DO "LE MONDE"

Bob Wilson está em Paris, e num lugar inédito: a Comédie Française, em cujo repertório ele inseriu as "Fábulas" de La Fontaine.
O método Bob Wilson não é adaptável a nenhum outro. Wilson dirige um ateliê de ramificações planetárias e cujo centro -ele próprio- se desloca perpetuamente, enquanto a margem é composta expressamente por cada obra. Assim, como um mestre enxadrista, Wilson joga várias partidas simultaneamente. Ele é o diretor geral do projeto, que tem o apoio dos mestres de cada obra, que figuram entre os melhores de suas disciplinas -dramaturgo, figurinista, músico, cenógrafo, iluminador. Ele delega e intervém pontualmente. "Temos sua inteira confiança", diz sua dramaturga, Ellen Hammer. "Sua paciência para ouvir é imensa, sancionada por uma resposta imediata."
Após um périplo que inclui testes com atores da Comédie Française, reuniões sobre os esboços das encenações e ensaios e mais ensaios -tudo isso no espaço de sete meses-, Wilson está de volta a Paris no início de janeiro, onde permanece até a estréia da peça. O tempo urge. Tudo se acelera. Cinco fábulas são sacrificadas. A técnica se impõe: três horas para regular a iluminação de uma única fábula.
"Estamos a serviço de uma visão global", diz o ator Eric Génovèse. "Uma cor na paleta utilizada por Bob Wilson. Não existe protagonista, não há papel-título, somos interdependentes, um elemento de uma partitura que mistura luzes, vozes, silhuetas e que exige concentração imensa. É essa concentração que nos permite encontrar a maneira correta de atuar."


Tradução de Clara Allain

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