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"Estamos a serviço de uma visão global"
DO "LE MONDE"
Bob Wilson está em Paris,
e num lugar inédito: a Comédie Française, em cujo repertório ele inseriu as "Fábulas" de La Fontaine.
O método Bob Wilson não
é adaptável a nenhum outro.
Wilson dirige um ateliê de
ramificações planetárias e
cujo centro -ele próprio-
se desloca perpetuamente,
enquanto a margem é composta expressamente por cada obra. Assim, como um
mestre enxadrista, Wilson
joga várias partidas simultaneamente. Ele é o diretor geral do projeto, que tem o
apoio dos mestres de cada
obra, que figuram entre os
melhores de suas disciplinas
-dramaturgo, figurinista,
músico, cenógrafo, iluminador. Ele delega e intervém
pontualmente. "Temos sua
inteira confiança", diz sua
dramaturga, Ellen Hammer.
"Sua paciência para ouvir é
imensa, sancionada por
uma resposta imediata."
Após um périplo que inclui testes com atores da Comédie Française, reuniões
sobre os esboços das encenações e ensaios e mais ensaios -tudo isso no espaço
de sete meses-, Wilson está
de volta a Paris no início de
janeiro, onde permanece até
a estréia da peça. O tempo
urge. Tudo se acelera. Cinco
fábulas são sacrificadas. A
técnica se impõe: três horas
para regular a iluminação de
uma única fábula.
"Estamos a serviço de uma
visão global", diz o ator Eric
Génovèse. "Uma cor na paleta utilizada por Bob Wilson. Não existe protagonista,
não há papel-título, somos
interdependentes, um elemento de uma partitura que
mistura luzes, vozes, silhuetas e que exige concentração
imensa. É essa concentração
que nos permite encontrar a
maneira correta de atuar."
Tradução de Clara Allain
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