São Paulo, segunda-feira, 26 de março de 2001

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Iraniano tem repertório baseado em poeta sufi

DA REPORTAGEM LOCAL

O cantor iraniano Shahram Nazeri é um especialista nos repertórios sufi e persa e um dos mais populares intérpretes da obra de Jalal ud-Din Rumi, poeta da tradição persa e árabe que viveu no século 13. Nascido em uma família curda, numa cidade a oeste do Irã, Nazeri se apresenta no palco do Sesc Pompéia nos dias 7 e 8 de abril. Leia abaixo os principais trechos da entrevista que concedeu à Folha. (SC)

Folha - Seu trabalho é baseado numa tradição cultural antiga; ao mesmo tempo, você é um cantor popular. Como lida com a indústria do entretenimento?
Shahram Nazeri -
É preciso que existam nas sociedades todos os tipos de música e formas de entretenimento, mas as pessoas têm de ser educadas para decidir e distinguir entre as diferentes formas. A variedade deve existir, e cada indivíduo precisa ser consciente de sua escolha.

Folha - Você pode dizer um pouco sobre a música sufi?
Nazeri -
Eu apresento música espiritual tradicional e sufi, especialmente a do poeta Jalal ud-Din Rumi. Não é uma música religiosa. A maioria dos cantores iranianos cantam obras de Saïdi, outro grande poeta de nosso país, mas eu fui um dos primeiros a introduzir os poemas de Rumi em música. No Irã, a poesia sufi é uma das bases da cultura. A música sufi é espiritual, um tipo de meditação, que existe antes da música religiosa. É a busca do indivíduo por si mesmo, um trabalho do interior para o exterior, levando o espírito para níveis mais altos.

Folha - A poesia sufi está muito ligada à música, então?
Nazeri -
Em nossa cultura, música e poesia não são separados, e sim imbricados um no outro. No passado, os políticos tentaram controlar a música e dizer para as pessoas o que era bom para que ouvissem, mais ou menos como a indústria do entretenimento e a mídia fazem hoje. Essa é uma razão essencial porque nossa música não se desenvolve como deveria. Em vez de promover música para desenvolver o espírito, tentam restringi-lo. A música é a alma das pessoas, e por isso é vital.

Folha - Os conflitos na região em que você nasceu atrapalham seu trabalho?
Nazeri -
Infelizmente o problema dos curdos existe há séculos. De minha parte, venho tentando, nos últimos 20 anos, fazer o máximo para promover também a música tradicional curda.


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