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MÚSICA
Depois de Beatles, DJs misturam rapper com Weezer, Metallica e Mutantes
"Álbum preto" de Jay-Z ganha novas cores na web
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo começou com um sujeito
de codinome Danger Mouse. Ao
juntar o instrumental do "álbum
branco" dos Beatles ("The Beatles", de 1968, popularmente conhecido como "White Album"),
com os vocais do "álbum preto",
do rapper Jay-Z ("The Black Album", de 2003), em fevereiro último, o DJ nova-iorquino conseguiu produzir não só o seu "álbum cinza" ("The Grey Album"),
mas um ruído tamanho que foi
parar nas manchetes dos jornais
do mundo todo e na lista negra da
gravadora EMI, detentora dos direitos das gravações dos Beatles.
A moda pegou e, uma simples
busca na internet hoje resulta em
álbuns "marrom", "prata", "preto
e azul", "preto duplo"...
"Gostei muito do que o Danger
Mouse fez e fiquei até surpreso
por ele não feito a versão do Metallica antes que eu. Considerando
que os álbuns têm o mesmo nome, era uma combinação inevitável. Alguém tinha que fazê-la",
declarou por e-mail o DJ Cheap
Cologne, que há algumas semanas criou "The Double Black Album" (O Álbum Preto Duplo) ao
combinar o mesmo Jay-Z com o
disco de 1991 do Metallica, conhecido como "Black Album".
Depois de prensar cerca de 300
cópias em CD da "brincadeira"
para distribui-las em shows de
hip hop na região de Minnesota,
Cologne tornou-se o "novo Danger Mouse" da internet e, em poucos dias, a exemplo de seu antecessor, já estava recebendo uma
carta de repreensão em sua casa.
Era a RIAA (Recording Industry
Association of America), associação que cuida dos direitos dos artistas nos EUA - ainda que, da
parte de Jay-Z, não houvesse problema, já que o próprio rapper
lançou a versão só com vocais do
seu álbum prevendo os remixes.
Já o Metallica, em 2000, foi o primeiro grupo do mainstream a levantar a bandeira contra o Napster e a sem-vergonhice na internet. "Foram só 300 cópias. Acho
que o Metallica tem coisas maiores para se preocupar do que os
meus 300 CDs. Se tivesse feito 20
mil, talvez houvesse uma ação legal", defende. "Vejo como uma
forma de expor o Metallica a um
público novo [fãs de rap]. Não
quero destruir a música deles."
Seguindo a linha de Danger
Mouse e de Cheap Cologne
-juntar os vocais que o próprio
Jay-Z liberou a outra gravação
inusitada-, Mike G. criou em casa, na Filadélfia, o seu "The Black
and Blue Album" (O Álbum Preto
e Azul), criado a partir do primeiro CD da banda Weezer, batizado
pelos fãs de "álbum azul".
"Eu fiz isso como uma tiração
de sarro, para me divertir e fazer
os meus amigos rirem. Nunca fui
DJ, só toquei guitarra em bandas
de indie rock por alguns anos, e
tenho uma boa noção de computadores", afirmou Mike por e-mail. "Não tinha idéia que tantas
pessoas ficariam sabendo. Nem
todo mundo entende o espírito."
Ao contrário de Danger Mouse
e de Cologne -que chegou a pedir contribuições de US$ 10 em
seu site www.broke-ass.com-,
Mike não fez cópias "físicas" das
músicas que mixou (cinco até
agora). Mas disponibilizou tudo
em www.jay-zeezer.com.
Como eles, outros tantos músicos foram fisgados pela idéia do
"álbum cinza" de Danger Mouse.
O produtor Kev Brown fez suas
próprias bases para a voz de Jay-Z
e criou o seu "Brown Album" (Álbum Marrom). O rapper Kno, de
Atlanta, usou até sample dos Mutantes em seu "The White Albulum" (O "Álbulum" Branco). Bazooka Joe, outro nome do underground americano, produziu
"The Silver Album" (O Álbum
Prata), acrescentando à base de
Jay-Z trechos do produtor RJD2.
Enfim, tem até quem fale em criar
o "Technicolor Album"...
Piada? "Isso é violação de direitos autorais. Mesmo que a pessoa
faça o remix e coloque na rede na
maior boa-fé, não há como controlar quantas pessoas vão baixá-lo, "queimar" em CDs e sair vendendo por aí", alerta o advogado
Nehemias Gueiros Jr., especialista
em direitos autorais na internet.
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