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Hermínio tenta reabilitar Aracy
DA REPORTAGEM LOCAL
Como uma das maiores cantoras da história da música popular
brasileira pôde soterrar sua história embaixo de uma figura ranzinza que esculhambava calouros desafinados no programa dominical
de Silvio Santos? A pergunta ainda está por ser respondida, mas a
artista Aracy de Almeida volta
lentamente a ser lembrada, no
ano em que completaria 90 anos.
O amigo e incentivador Hermínio Bello de Carvalho lança depois de amanhã, no Rio, no dia
em que completa 70 anos, o perfil
"Araca - Arquiduquesa do Encantado" (ed. Folha Seca, 85 págs.).
Não esgota o mistério de Aracy,
mas define seu objetivo:
"O enfoque do livro é chamar
atenção de que esse lado que ficou
ocultado foi o principal dela. Ela
deu novos rumos à canção brasileira em certo momento."
Na intimidade, a rabugenta folclórica lia Augusto dos Anjos e
convivia com Vinicius de Moraes
e Antonio Maria. A "culpa" pela
trajetória, para Hermínio, foi do
"sistema": "Ela passou a ser ignorada como cantora. Cedeu, foi
cooptada pelo sistema".
Ele não é o único a tentar reabilitar a imagem da intérprete que
nos anos 30 e 40 incorporou as artes sofisticadas de Noel, Custódio
Mesquita e Ary Barroso.
Rita Lee faz o mesmo em "Balacobaco" (termo do vocabulário
iconoclasta de "Araca"). Seu
show, em cartaz em São Paulo, começa com falas de Chacrinha e
Silvio Santos e emenda com "Fita
Amarela", na voz de Aracy.
Adiante, Rita se veste de Chacrinha, soldando numa só as personalidades duplas de Aracy, Rita
Lee e Chacrinha. Viva voz do
morto, Aracy agradece lá do éter.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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