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LIVROS/LANÇAMENTOS
Monografia do arquiteto, que representa o Brasil em Veneza, reúne trabalhos de 1957 até hoje
"Memória" de Mendes da Rocha ganha corpo
FERNANDA CIRENZA
DA REPORTAGEM LOCAL
O arquiteto Paulo Archias Mendes da Rocha está aflito com o lançamento hoje de sua monografia,
a partir das 11h30, na Pinacoteca
do Estado de São Paulo. "Vou ter
de ficar dando autógrafos."
O autor de projetos como o MuBe (Museu Brasileiro da Escultura) e o de renovação da própria
Pinacoteca -que lhe rendeu em
julho o Prêmio Mies van der Rohe
de Arquitetura Latino-Americana- fala pouco sobre o livro.
"É uma obra de memória útil,
de memória em andamento, que
reúne trabalhos de 1957 até hoje."
Com 240 páginas, o volume
compõe-se de projetos selecionados pelo próprio arquiteto, que
também assina os textos introdutórios das três partes do livro.
A primeira se chama "América,
Arquitetura e Natureza" e trata da
relação entre arquitetura e território. "A natureza não tem virtude
nenhuma. Pense nos vulcões, terremotos. Só nós somos capazes de
transformar água em luz."
Em "Genealogia da Imaginação", Mendes da Rocha fala do
poder da técnica. "Não podemos
ser contra a técnica. Em nome da
arquitetura, você pode produzir
artefatos que seriam instrumentos destrutivos da cidade. É a diferença entre o Copan e os condomínios fechados."
Na terceira e última parte, "A
Cidade para Todos", um dos destaques é o projeto de reurbanização da grota da Bela Vista, mais
conhecido por Bexiga, em São
Paulo, que não saiu da prancheta.
"A cidade é uma idéia, ela não
existe. É uma invenção do homem. Se não gostamos dela, temos de fazer uma outra. A esperança é essa. Saber que sabemos
fazer desta uma outra."
Para Mendes da Rocha, um dos
nomes de maior importância da
arquitetura contemporânea no
país, as críticas não devem ser dele. "Faço o meu trabalho."
Mas desabafa: "Acabaram com
o vale do Anhangabaú e ninguém
fala nada. Fiz um museu para
mostras de escultura (MuBe) que
não tem programação para arte,
que está na mão de madames.
Tem de haver uma posição crítica,
capaz de transformar as coisas".
Da prancheta do arquiteto capixaba radicado em São Paulo desde 1936 saíram pelo menos 36
projetos -os que compõem a
monografia.
Entre eles, o pavilhão oficial do
Brasil na Expo 70, em Osaka (Japão), o terminal Parque D. Pedro
2º (1996), em São Paulo, por onde
passam hoje cerca de 120 mil pessoas por dia, e o ginásio do clube
Atlético Paulistano (1958), também em São Paulo, cujo projeto
foi vencedor de concurso público.
Um dos jurados era nada mais
nada menos que o arquiteto modernista Rino Levi (1901-65).
Um dos mais recentes projetos
de Mendes da Rocha também pode ser visto em São Paulo: o de recuperação do pavilhão Lucas Nogueira Garcez (a Oca, que tem a
assinatura de Oscar Niemeyer e
que abrigava o Museu de Aeronáutica, no parque Ibirapuera;
hoje, agrupa parte da Mostra do
Redescobrimento).
Junto com João Filgueiras Lima,
o Lelé, Mendes da Rocha ainda representa o Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza, que termina
em 29 de outubro.
Lançamento: Paulo Mendes da Rocha
Autores: Paulo Mendes da Rocha, Rosa
Artigas (org.) e Guilherme Wisnik
(memoriais dos projetos)
Editora: Cosac & Naify
Quanto: R$ 85 (240 págs.)
Quando: hoje, às 11h30
Onde: Pinacoteca do Estado (praça da
Luz, 2, tel. 0/xx/11/229-9844)
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