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RESTAURANTE CRÍTICA
Marquês de Marialva
sofre o peso do passado
especial para a Folha
Depois de 12 anos de glórias,
o restaurante Marquês de Marialva, que funcionava nos Jardins, fechou as portas no ano
passado por problemas com o
imóvel.
Foi o empurrão decisivo para
que seus proprietários, o casal
Maria Teresa e José Batalha,
voltassem para Portugal levando embora um pouco da história da gastronomia paulistana.
Eles se foram, mas, desde então, um trio de gourmets começou a lutar para que a tradição ficasse aqui. Julio Andrade,
Vicky Dolabella e Fernanda
Magalhães Padilha compraram
a marca e, em outro local -na
avenida 9 de Julho-, passaram a investir pesado para ressuscitar o velho Marquês.
A reinauguração aconteceu
em agosto. O novo restaurante
nasceu mais vistoso, num salão
claro, com mesas amplas e decoração clássica e sóbria. Uma
entrada envidraçada, que lembra mais uma loja que um restaurante, leva ao bar onde fica
o mesmo vitral que ornava a
entrada do antigo ponto. A
composição lembra pouco o
caloroso ambiente português,
mas não falta conforto.
É neste cenário renovado que
os proprietários tentam reproduzir a velha cozinha do Marquês. Não é tarefa fácil. Embora
tenham recuperado parte da
antiga equipe, ali existia uma
obra pessoal, executada por
Maria Teresa -que não somente pesquisava e recuperava
receitas portuguesas, como
também cuidava pessoalmente
de sua confecção.
Este elo pessoal não aparece
no sabor dos pratos, que, não
obstante, são corretos. O cardápio é apoiado basicamente
em peixes e frutos do mar, como mexilhões com alho, coentro e azeite de oliva, e bacalhau
de boa procedência, vistoso e
macio, em oito variações. Há
também caldeirada de peixes,
mariscos na cata-plana e, entre
as poucas carnes, uma chanfana de cordeiro (cozido com vinho, no forno, em panela de
barro) rija e salgada.
Reabertos recentemente,
bem instalados, e mostrando
uma cozinha em geral correta,
eles podem acertar o passo e vir
a ter sucesso com suas próprias
pernas.
(JOSIMAR MELO)
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